Um recém-nascido foi encontrado morto num berço térmico destinado a bebés abandonados na igreja italiana de San Giovanni Battista, em Bari, na região de Puglia, na quinta-feira.
O menino, que terá nascido há cerca de um mês, com quatro quilos e 200 gramas, envergava um macacão com padrão militar, segundo o proprietário da agência funerária que o encontrou.
“Quando entrei no compartimento onde estava o berço, não acreditei no que estava a ver: tive muita pena”, disse Roberto Savarese, à agência ANSA.
O compartimento, que foi ali colocado há cerca de 10 anos, emite ar quente e soa um alarme que alerta o pároco, quando os corpos dos bebés tocam no colchão. Contudo, a porta não terá sido completamente fechada, e o alarme não alertou o padre Don Antonio Ruccia, que está em Roma.
“O meu telemóvel não tocou e o que aconteceu enche-me o coração de uma tristeza imensa”, disse.
Savarese estava a realizar um serviço fúnebre quando, em conversa com colaboradores, deu conta do projeto que “salva bebés”.
“Um deles já tinha ouvido falar, mas nunca tinha visto o berço, por isso mostrei-lho. Abri primeiro o portão e depois a porta. Não podia acreditar no que via: estava ali um bebé, imóvel, com a tez pálida e sem nada ao lado; nem uma chucha, nem um biberão, nem uma muda, nem um bilhete. Só de pensar nisso, sinto uma dor enorme”, lamentou.
As autoridades não sabem, para já, se o bebé foi ali deixado já sem vida. Contudo, e antes de os resultados da autópsia serem revelados, verificaram que o recém-nascido não tinha sinais evidentes de violência no corpo.
O berço foi apreendido e a polícia fará também uso das imagens captadas pelos sistemas de videovigilância, que não estão disponíveis nas imediações “para garantir a privacidade da pessoa que teve um gesto tão difícil e corajoso”.
O berço tinha sido utilizado pela última vez em dezembro de 2023, quando lá deixaram uma menina que, mais tarde, foi batizada como Maria Grazia.
Estes compartimentos existem um pouco por toda a Itália, destinando-se a ajudar as mulheres a deixar os bebés de quem não podem cuidar em berços aquecidos nas igrejas e hospitais.
A prática remonta ao século XIII, quando as mulheres deixavam os bebés numa ‘ruota’ (roda) embutida na parede de um lar de crianças afiliado à igreja, e perdurou até aos anos 50, quando estas instituições foram encerradas. Foi, depois, substituída pela legislação que permite que as mulheres deem à luz anonimamente e deixem os bebés nos hospitais sem enfrentarem consequências legais.
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