"As lideranças não são eternas e devemos naturalizar a cultura de circulação do poder a nível interno como forma de abrir espaço de ascensão de novos líderes e de introduzir fatores de revitalização da organização. É nessa perspetiva que considero necessário anunciar a minha decisão de não me recandidatar a um novo mandato como presidente do PAICV", afirmou Rui Semedo.
O anúncio foi feito durante a reunião do conselho nacional do partido, que decorre até domingo e tem como objetivo principal a definição de datas para a eleição de uma nova liderança e a preparação do próximo congresso.
Rui Semedo explicou que a decisão foi "refletida e ponderada, tendo em vista o melhor para o partido".
O líder destacou a necessidade de o PAICV estar preparado para assumir "novas e exigentes responsabilidades", num contexto político interno e externo marcado por mudanças profundas.
Apelou ainda à união interna e à construção de "uma solução credível e confiável de liderança", que coloque os interesses de Cabo Verde em primeiro lugar.
Rui Semedo recordou a recente vitória do PAICV nas eleições autárquicas, que resultaram na conquista de 15 das 22 câmaras municipais, como prova da força do partido.
"Demonstramos ao país que o PAICV é um grande partido que tem, de facto, vários rostos e que está à altura de assumir grandes responsabilidades e contribuir para o engrandecimento desta nação", referiu.
No entanto, Semedo enfatizou que as conquistas obtidas exigem proteção e continuidade.
"Comprometo-me a atuar como facilitador na transição interna, preservando os ganhos alcançados e promovendo o diálogo entre todas as sensibilidades do partido", garantiu.
O conselho nacional ocorre num momento de grandes expectativas políticas, com as autárquicas a serem vistas como um prenúncio das legislativas e presidenciais de 2026.
Rui Semedo reafirmou a necessidade de coesão e mobilização coletiva como chaves para enfrentar os desafios futuros.
Paralelamente, outros atores políticos já se movimentam.
O presidente da Câmara Municipal da Praia, Francisco Carvalho, que foi reeleito nas autárquicas com uma votação reforçada em relação a 2020, anunciou na quinta-feira a sua candidatura à presidência do PAICV, prometendo uma gestão inclusiva e modernizadora.
Por outro lado, Nuias Silva também manifestou disponibilidade para liderar o partido, caso Rui Semedo viesse a renunciar, o que agora se confirma.
Enquanto isso, o Movimento para a Democracia (MpD, no poder) convocou uma reunião da direção nacional para 11 de janeiro, para analisar os resultados eleitorais e delinear estratégias futuras.
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