"Estas duas questões não têm nada a ver uma com a outra. O Ministério da Cultura e da Orientação Islâmica emitiu uma declaração clara sobre as razões da detenção da jornalista italiana e anunciou que ela foi detida por violar as leis do Irão", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Ismail Baghaei, na habitual conferência de imprensa semanal.
Acusado pela justiça norte-americana de fornecer informações sobre tecnologias sensíveis, o engenheiro iraniano Mohammad Abedini, 38 anos, foi detido em dezembro em Itália, a pedido de Washington.
A 19 de dezembro, poucos dias depois da detenção de Abedini, o Irão prendeu em Teerão a jornalista italiana Cecilia Sala, 29 anos, alegando que esta tinha "infringido a lei" durante uma viagem de negócios.
"Não existe qualquer ligação entre estes dois casos, embora alguns tenham hoje ligado acontecimentos que ocorreram na mesma altura", frisou ainda o porta-voz da diplomacia iraniana, citado pela agência noticiosa IRNA.
Na sexta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano convocou a embaixadora de Itália em Teerão para protestar contra a "detenção prolongada" de Mohammad Abedini.
No dia anterior, o chefe da diplomacia italiana, Antonio Tajani, tinha convocado o embaixador iraniano, apelando à "libertação imediata" da jornalista Cecilia Sala.
"Continuamos a acompanhar seriamente o caso de Abedini", acrescentou hoje Baghaei, descrevendo a detenção a pedido dos Estados Unidos como uma "tomada de reféns".
Segundo as autoridades norte-americanas, um outro iraniano, Mahdi Mohammad Sadeghi, 42 anos, que tem dupla nacionalidade, está detido nos Estados Unidos por uma acusação semelhante.
"Apelamos aos outros países para que não permitam que as suas relações bilaterais com o Irão sejam afetadas por exigências ilegais de terceiros", afirmou o porta-voz.
Desde a sua detenção, Cecilia Sala tem sido mantida em isolamento numa cela da prisão de Evine, em Teerão, de acordo com o seu empregador Chora Media, um portal na Internet que produz 'podcasts'.
A jornalista italiana, que deveria ter regressado a Itália a 20 de dezembro, foi detida na véspera do seu regresso.
Na sexta-feira, os pais da jornalista italiana apelaram para a discrição e o silêncio dos meios de comunicação social, para evitar tornar a solução do seu caso ainda "mais complicada e remota".
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