Nicolás Maduro toma posse no dia 10 para um mandato de seis anos, após ter sido declarado vencedor das contestadas eleições presidenciais de julho e ter sido convidado pela Assembleia Nacional venezuelana, o órgão legislativo do país de maioria chavista, a prestar juramento.
Maduro,de 62 anos, é Presidente do país da América do sul desde 2013, mas começou a sua vida profissional como motorista de autocarros em Caracas, tornando-se mais tarde representante do sindicato dos trabalhadores dos transportes.
Em 1992, durante a detenção do então oficial do exército, Hugo Chávez, que viria a ser Presidente da Venezuela de 1999 a 2013, por ter liderado uma tentativa de golpe de Estado falhada, Maduro e a sua futura esposa, Cilia Flores, fizeram campanha pela libertação de Chávez, conseguida em 1994.
Desde então, o seu percurso político foi marcado por uma ascensão política contínua, alavancada pelo Presidente Chávez.
Durante o mandato de Chávez, Maduro foi eleito deputado à Assembleia Nacional em 2000, sendo depois nomeado presidente da Assembleia Nacional de 2005 a 2006.
O atual Presidente venezuelano foi ainda ministro dos Negócios Estrangeiros de 2006 a 2012, período durante o qual aproveitou para se aproximar de líderes controversos, como Muammar Khadafi, da Líbia, Robert Mugabe, do Zimbabué, e Mahmud Ahmadinejad, do Irão.
O papel de destaque de Maduro no órgão executivo continuou a crescer, sobretudo quando a saúde de Chávez se começou a deteriorar em 2011, ano em que este anunciou ter cancro.
Em outubro de 2012, após o triunfo de Chávez nas eleições presidenciais, Maduro foi nomeado vice-presidente. Ao mesmo tempo, a sua esposa, antiga presidente da Assembleia Nacional, ocupou o cargo de procuradora-geral da Venezuela, o que os tornou num dos casais mais poderosos do país.
Da sua esposa, Cilia Flores, Maduro não tem descendência, mas tem um filho de um anterior casamento: Nicolás Maduro Guerra, de 34 anos, membro da Assembleia Nacional Venezuelana desde 2021.
Antes de partir para outra ronda de cirurgias em Cuba, em dezembro de 2012, Chávez nomeou Maduro como o seu sucessor preferido, caso não sobrevivesse.
Durante esse período, Maduro assumiu as rédeas da liderança e agiu como líder de facto do país, sobrepondo-se ao principal rival no aparelho chavista, Diosdado Cabello, e preparando a sua chegada à Presidência
Após a morte de Hugo Chávez em 2013, Maduro assumiu a Presidência e foi posteriormente declarado vencedor de uma eleição presidencial extraordinária em 2014, com 50,62% dos votos, pelo Partido Socialista Unido da Venezuela.
Já nessa altura, a sua tomada de posse foi alvo de fortes protestos da oposição e, apesar das suas promessas de transformar a Venezuela numa rica potência mundial, o cenário político e económico do país descambou num pesadelo de várias crises, marcadas por uma inflação elevada e falta de mantimentos e de medicamentos, o que levou a milhões de venezuelanos a fugir do país nos últimos anos.
Mesmo com a sua popularidade a cair a pique e contra as previsões das organizações económicas, Maduro alimentou esperanças de recuperar o país, procurando aliados com promessas de benefícios futuros da riqueza natural do petróleo e jurando aos venezuelanos um futuro melhor.
Um acérrimo defensor do chavismo, uma ideologia política de esquerda baseada nas ideias, programas e estilo de governo associados ao Presidente Chávez, que inclui políticas de nacionalização e programas de assistência social, Maduro tem governado a Venezuela por decreto desde 2015, com poderes que lhe foram conferidos pela Assembleia Nacional da Venezuela.
A governação por decreto é um estilo de governação que permite a promulgação rápida e sem contestação de leis por uma única pessoa ou grupo de pessoas, geralmente sem aprovação legislativa.
A supressão dos valores democráticos levou à suspensão da Venezuela do Mercosul (bloco económico que une os países da América do Sul ) em 2017, devido à rutura da ordem democrática no país.
Nas eleições de maio de 2018, quando Maduro foi reeleito com mais de 60% dos votos, a oposição denunciou a falta de transparência, as pressões ilícitas sobre os opositores e a chantagem sobre os eleitores.
Em 28 de julho de 2024, a Venezuela realizou eleições presidenciais, cuja vitória foi atribuída pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) a Nicolás Maduro com pouco mais de 51% dos votos, ao passo que a oposição afirma que Edmundo González Urrutia, atualmente exilado em Espanha, obteve quase 70% dos votos.
Tanto a oposição venezuelana como vários países da comunidade internacional denunciaram os resultados como fraudulentos e exigiram a apresentação dos registos de votação para que pudessem ser verificados de forma independente, o que levou à contestação dos resultados nas ruas.
Após a sua vitória contestada, Maduro reprimiu os protestos em massa que contestavam a legitimidade do seu Governo e das eleições, o que resultou na morte de 28 pessoas, cerca de 200 feridos e 2.400 detidos, três dos quais morreram na prisão.
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