A estátua de Smalls vai ficar no passeio onde milhares de crianças em viagens de estudo saem dos autocarros para o Congresso todos os verões.
Nascido em escravatura, Smalls roubou uma embarcação confederada durante a Guerra Civil para conduzir familiares e dezenas de outras pessoas para a liberdade.
Depois, esteve uma década na Câmara dos Representantes federal, participou na alteração da Constituição da Carolina do Sul, para dar aos homens negros estatuto de igualdade depois da Guerra Civil, após o que se envolveu em uma forte luta quando os racistas regressaram ao poder e eliminaram quase todas os ganhos pelos quais Smalls lutara.
A proposta foi aprovada por unanimidade na quarta-feira, pela Comissão do Monumento a Robert Smalls. Outro grupo vai agora procurar obter os milhões de dólares necessários para a estátua de Smalls se juntar a mais de duas dúzias de outras, muitas de confederados e outros racistas, que pontuam o local onde o edifício do Congresso estadual se situas há mais de 230 anos.
Robert Smalls nasceu em 1839, em Beaufort, na Carolina do Sul, e faleceu em 1915, na sua cada como um homem livre, mas de algum modo esquecido e marginalizado por uma sociedade determinada em manter os negros com um estatuto inferior.
Mas a história de Smalls era demasiado forte e admirável para desaparecer.
Em maio de 1862, durante a Guerra Civil, disfarçado com um uniforme dos confederados, assumiu o controlo de um navio à noite e passou vários postos de controlo antes de o entregar aos soldados da União, conseguindo a liberdade dos seus familiares e de outros escravos que estavam a bordo.
Durante o resto da Guerra Civil, Smalls ajudou a União. Depois de o Sul ter sido derrotado, Smalls foi eleito para a Câmara dos Representantes e o Senado da Carolina do Sul, antes de ser eleito para a Câmara dos Representantes federal.
Comprou a casa do seu esclavagista, em Beaufort, em parte com o dinheiro que recebeu por ter entregue o navio à União, o que veio a proporcionou à sua esposa um local para uma vida tranquila quando enviuvou.
Smalls veria uma nova Constituição da Carolina do Sul, em 1895, retirar o direito de voto aos afro-americanos, durante uma convenção liderada por "Pitchfork" Ben Tillman.
Este, que foi governador e senador, gabava-se de ter liderado grupos de homens brancos para matar homens negros que tentavam votar nas eleições de 1876, que conduziram ao regresso do poder branco e ao colapso de tudo o que Smalls tinha defendido.
Alguns grupos de direitos cívicos têm defendido a retirada das estátuas de confederados e supremacistas brancos, como a de Tillman, mas a legislação estadual requer uma aprovação legislativa para as remover ou até mesmo só para acrescentar legendas aos monumentos a detalhar as suas práticas racistas, o que tem sido uma tarefa impossível em um Estado dominado por republicanos conservadores.
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