Foi a 28 de dezembro que o multimilionário norte-americano decidiu apelar aos eleitores alemães, através de um editorial do Welt am Sontag, para que votem em Alice Weidel, a candidata a chanceler da AfD, a 23 de fevereiro.
Além da revolta dentro do jornal, da excitação da líder do partido de extrema-direita alemão, que na quinta-feira conversou 'online' com Musk na rede social X, há ainda quem questione a legalidade deste apoio que teve uma repercussão inesperada no mundo inteiro.
Mas as intenções de Musk já tinham sido partilhadas a 20 de dezembro quando o dono da Tesla usou o X para escrever que "apenas a AfD pode salvar a Alemanha". A revolta de muitos subiu de tom quando o "colega", como escreve o jornal Spiegel, do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conseguiu espaço num dos jornais vistos como sérios na Alemanha.
Vários editores e jornalistas fizeram pressão para que o artigo não fosse publicado, e o Spiegel chega mesmo a perguntar "de onde veio esta considerável pressão" para que a opinião de Musk fosse destacada. Além das fortes críticas expressas pela Associação de Jornalistas Alemães, todos os partidos se manifestaram contra.
A Organização Não-governamental (ONG) LobbyControl considera o alcance da plataforma X como publicidade eleitoral ilegal vinda do estrangeiro, afirmando que a conversa entre Musk e Weidel se pode considerar "publicidade política, uma vez que a plataforma X vende normalmente este tipo de cobertura por muito dinheiro".
"As intervenções descaradas de Elon Musk nas campanhas eleitorais dos Estados Unidos e da Alemanha são um sinal de alerta para a Alemanha e para a Europa", sublinhou Aurel Eschmann, da LobbyControl, em comunicado.
Além desta conversa, Alice Weidel deverá participar no lançamento de uma nave especial da empresa de Musk, SpaceX, nos Estados Unidos no início de fevereiro. O objetivo da AfD é conseguir aumentar a sua popularidade internacional e crescer no número de votos.
O antigo diretor da Tesla, Philipp Schröder, acredita que isso é possível se Musk intervier na campanha.
"Acredito que isso levará a AfD a tornar-se a força mais forte a 23 de fevereiro, com 30 por cento ou mais", revelou no Linkedin.
Wolfgang Schroeder, cientista político da Universidade de Kassel, tem uma visão completamente diferente. Ouvido pela revista Focus, admite que resultados eleitorais de 30% ou mais para o AfD são irrealistas e que o apoio de Musk até pode ser contraproducente.
"O partido quer proteger as pessoas da modernidade de uma forma profundamente provinciana e retrospetiva, enquanto Musk quer uma supermodernidade tecnocrática", revelou, acrescentando que os dois têm agendas diferentes.
Segundo as últimas sondagens, a AfD deverá conseguir entre 19 a 21,5% dos votos nas eleições antecipadas de 23 de fevereiro, ficando em segundo lugar. À frente na corrida está a união dos conservadores da União Democrata-Cristão (CDU) com o partido irmão da Baviera, a CSU, com 29 a 33%. O partido do atual chanceler, Olaf Scholz, o Partido Social Democrata (SPD) segue em terceiro lugar com uma variação entre 15,5 e 17%.
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