"Só decidirei o [sentido do] meu voto sobre o acordo depois de todos os pormenores serem apresentados. Se houver uma retirada do corredor de Filadélfia ou se não conseguirmos retomar os combates antes de atingirmos os nossos objetivos, demitir-me-ei do meu cargo no Governo", afirmou Amichai Chikli numa mensagem publicada nas redes sociais.
Chikli, que é membro do Likud, o partido do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que o acordo alcançado com as milícias palestinianas "é difícil de digerir e implica grandes custos" para Israel.
O corredor de Filadélfia é, desde há meses, um dos principais obstáculos à conclusão de um acordo de cessar-fogo. Aquela faixa de terra com cerca de 15 quilómetros de comprimento ficou sob o controlo da Autoridade Palestiniana ao abrigo do "Plano de Retirada" de 2005, ao passo que o lado egípcio ficou sob o controlo do Cairo.
No entanto, o Hamas assumiu o controlo da zona após tomar o controlo da Faixa de Gaza, em 2007, após combates entre fações palestinianas, na sequência das disputas resultantes das eleições do ano anterior. O Egito, que tem um acordo de paz com Israel desde 1979, avisou Israel do risco de operações na zona.
O próprio Netanyahu afirmou que o corredor, uma rota de contrabando de armas provenientes do Irão, permitiu ao Hamas rearmar-se para o ataque de 07 de outubro de 2023 a Israel e defendeu o seu controlo perante a possibilidade de as milícias o utilizarem para retirar reféns de forma clandestina.
As declarações de Chikli surgem depois de o primeiro-ministro israelita ter anunciado o adiamento da reunião do seu Governo para ratificar o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza e ter acusado o Hamas de "criar uma crise à última hora" ao "recuar em relação a acordos explícitos".
A reunião do gabinete de segurança foi adiada devido a discussões internas no partido Sionismo Religioso sobre a sua possível saída do Governo de coligação israelita - composto por partidos de extrema-direita e ultraortodoxos - por rejeitar o acordo alcançado com o Hamas.
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