"Desde que a Ucrânia cortou o gás à Eslováquia, disse que tomaremos medidas e falei com Putin sobre as necessidades de gás da Eslováquia", destacou Erdogan, numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, numa visita oficial a Ancara.
A Eslováquia cobriu cerca de dois terços das suas necessidades de gás natural graças a um contrato com a empresa russa Gazprom, assinado em 2019, que transitava através de gasodutos ucranianos. O acordo, no entanto, expirou em 01 de janeiro e Kyiv recusou-se a renova-lo.
Fico tinha indicado recentemente que conseguiu garantir o fornecimento através do gasoduto turco-balcânico que atravessa a Hungria, mas sem adiantar pormenores.
"O gasoduto Turkstream (que atravessa o mar Negro desde o sudoeste da Rússia até às costas europeias da Turquia) tem dois gasodutos, um para consumo turco e o outro é para trânsito e poderíamos utilizar a capacidade deste", explicou hoje Fico.
O eslovaco agradeceu a Erdogan por ter sugerido esta opção e por estar em contacto com a Rússia, referindo que é necessário chegar a um acordo com Moscovo para aumentar o fluxo.
"Estamos a negociar, não sabemos se chegaremos a acordo, mas não há nenhuma lei europeia que o impeça", insistiu o político eslovaco.
Erdogan manifestou-se otimista, prevendo que a sua "diplomacia telefónica" com Putin e a do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Hakan Fidan, com o seu homólogo russo, Sergei Lavrov, irá produzir resultados "dentro desta semana".
Fico reiterou ainda a sua posição a favor de um cessar-fogo imediato na Ucrânia e criticou a postura do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e de "vários países da UE", que, segundo o governante eslovaco, gostariam de continuar a guerra "pelos seus interesses geopolíticos".
"Devemos ser realistas. Não podemos esperar que a Rússia se retire dos territórios que agora controla, nem que a Ucrânia se junte à NATO agora, não é possível. Para uma paz justa, devemos encontrar um compromisso que ambos possam aceitar", defendeu Fico.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kyiv têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
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