"Penso que existe uma clara possibilidade de alcançar a segunda fase. Há um desejo de chegar à segunda fase. É a nossa intenção quando assinámos o acordo", afirmou o presidente israelita na reunião anual do Fórum Económico Mundial de Davos, que decorre esta semana nesta localidade suíça.
O presidente sublinhou ainda que, embora com algumas "reservas e receios", acredita que os 94 reféns ainda detidos na Faixa de Gaza serão libertados.
"Pedimos a libertação de mulheres e crianças e pagámos por isso com terroristas cruéis e bárbaros. Mas todos concordamos que tem de ser feito. Queremos que regressem a casa", acrescentou o chefe de Estado israelita.
Após 15 meses de conflito na Faixa da Gaza, o Hamas e Israel assinaram um acordo de cessar-fogo faseado de seis semanas que entrou em vigor no domingo, durante o qual 33 reféns israelitas serão gradualmente trocados por mais de 1.900 prisioneiros palestinianos.
O acordo, que procura lançar as bases para o fim da guerra, é composto por três fases de 42 dias cada.
No primeiro dia do cessar-fogo foram libertadas três mulheres israelitas, detidas pelo Hamas há mais de um ano, em troca de 90 prisioneiros palestinianos, na sua maioria mulheres e crianças, que se encontravam detidos há meses sem qualquer acusação.
A segunda fase começará a ser negociada após 16 dias de vigência da trégua.
O presidente israelita apontou que o principal desafio do Governo passa por garantir que os ataques levados a cabo pelo Hamas a 07 de outubro de 2023, que mataram cerca de 1.200 pessoas e fizeram cerca de 250 reféns, não se voltem a repetir e frisou que tal será o foco da discussão da segunda fase do acordo.
"Como é que nos certificamos de que não é o Hamas que dita e dirige aquele lugar?", questionou Herzog, referindo-se ao enclave, controlado pelo Hamas desde 2007.
Relativamente à situação em Israel e na região, destabilizada após a ofensiva lançada por Israel em resposta aos ataques de 07 de outubro de 2023, e que já provocou mais de 47 mil mortos e cerca de 111 mil feridos, na maioria civis, o presidente israelita afirmou que existem oportunidades, mas também vários riscos.
"Existe uma grande oportunidade de mudar o rumo do Médio Oriente para melhor, mas existe também um grande risco enquanto este regime no Irão continuar", acrescentou o chefe de Estado Israelita, salientando ao mesmo tempo ser essencial neutralizar as capacidades nucleares do Irão.
"Estamos a assistir a uma mudança histórica. Estamos a assistir a uma mudança no Líbano. Estamos a assistir a uma mudança histórica na Síria. Esperamos estar a assistir a uma mudança histórica na Faixa de Gaza", continuou.
Para Herzog, o caminho para a paz passa pela "aceitação de Israel na região, a segurança de todos e o desenvolvimento do Médio Oriente em direção a um futuro melhor".
O presidente israelita garantiu ainda o seu apoio às conversações com vista ao estabelecimento de relações diplomáticas com a Arábia Saudita, e destacou o papel importante do país árabe na região.
O processo de conversações para a normalização das relações entre a Arábia Saudita e Israel, mediadas pelos Estados Unidos, foi interrompido pelo ataque do Hamas ao sul de Israel, e um acordo final nunca foi alcançado.
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