Itália diz que expulsou líbio procurado pelo TPI por representar perigo

O governo italiano disse hoje que o chefe da polícia judiciária líbia, que tem um mandado de detenção do Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra e crimes contra a humanidade, foi repatriado por questões de segurança.

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© Antonio Masiello/Getty Images<br> <br>

Lusa
23/01/2025 22:59 ‧ há 4 horas por Lusa

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Itália

O ministro do Interior italiano, Matteo Piantedosi, referiu ao Senado que o procedimento normal para prender alguém procurado por um mandado do TPI não foi seguido, levando o Tribunal de Recurso de Roma, competente nestas situações, a ordenar a sua libertação.

 

Osama Almasri Najim "foi repatriado para Trípoli por razões urgentes de segurança após o meu decreto de expulsão devido à perigosidade" da pessoa, detalhou Piantedosi, provocando protestos de membros da oposição.

Najim, que se acredita ter sido o responsável pelo centro de detenção de Mitiga, em Tripoli (noroeste), é procurado por homicídio, violação e tortura cometidos desde 15 de fevereiro de 2015, de acordo com o mandado de detenção do TPI.

Os alegados crimes foram cometidos contra detidos por causa da sua religião, ou porque eram suspeitos de "comportamento imoral" ou de apoiar ou estar afiliados a grupos armados, apontou o TPI.

Najim foi detido no domingo num hotel de Turim com base num mandado do TPI, após uma denúncia da Interpol.

Mas foi libertado na terça-feira e deportado para Trípoli.

O TPI, por sua vez, anunciou na quarta-feira que não foi consultado pelas autoridades italianas.

"O Tribunal está a procurar, e ainda não obteve, a verificação das autoridades [italianas] das medidas que alegadamente foram tomadas", destacou o TPI.

Para Sandra Zampa, senadora do Partido Democrático (PD, oposição de centro-esquerda), falar em erro processual neste caso é "uma vergonha".

"Se houvesse um erro, ele poderia ter sido libertado, mas mantido sob supervisão judicial e o erro corrigido em poucas horas", garantiu.

A deputada recordou ironicamente as declarações da chefe de Governo Giorgia Meloni, segundo as quais a Itália perseguiria os traficantes de pessoas em todo o mundo, sem que isso aparentemente se aplicasse a Turim.

Os grupos internacionais de defesa dos direitos humanos há muito que condenam os abusos nos centros de detenção líbios, citando a violência e a tortura generalizadas.

O controverso acordo de Roma com a Líbia em 2017, renovado pelo governo de extrema-direita de Meloni, envolve o fornecimento de financiamento e formação à guarda costeira líbia.

Em troca, a Líbia ajuda a conter o fluxo de migrantes para Itália ou a devolver os que já se encontram no mar à Líbia, onde são frequentemente levados para centros de detenção.

Leia Também: Partido do Governo italiano quer proibir véu islâmico em público

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