UE apela à Turquia para respeitar "equilíbrio delicado" no norte da Síria

A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, pediu hoje à Turquia para respeitar o "equilíbrio delicado" no norte da Síria, face ao pedido turco para acabar o domínio territorial da milícia curda YPG na região.

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© Mustafa Ciftci /Anadolu via Getty Images

Lusa
24/01/2025 14:52 ‧ há 6 horas por Lusa

Mundo

União Europeia

"Compreendemos as preocupações da Turquia em matéria de segurança, mas qualquer ação no norte da Síria deve ter em conta o equilíbrio delicado do futuro frágil e esperançoso da Síria", afirmou Kallas numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo turco, Hakan Fidan, em Ancara.

 

A Alta Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Segurança respondia ao pedido de Fidan para que todos os países parceiros da Turquia deixassem de colaborar com a milícia turca.

Ancara descreve sistematicamente as milícias curdas como parte do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), o grupo de guerrilha curdo da Turquia, que também é classificado como uma organização terrorista pelos Estados Unidos e pela UE.

Kallas, que visitou hoje a Turquia pela primeira vez desde que assumiu funções em dezembro, concordou com Fidan sobre a necessidade de levantar as sanções da UE contra a Síria, mas defendeu um processo faseado e reversível.

"Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE reúnem-se na segunda-feira, 27 de janeiro. O plano de levantamento das sanções prevê um processo faseado. Começaremos pelo que é mais necessário para a recuperação económica", afirmou.

Kallas disse que se os novos dirigentes da Síria seguirem na direção certa, a UE passará ao nível seguinte.

"Se forem na direção errada, voltaremos a impor sanções. Tudo isto será decidido na segunda-feira", afirmou.

Forças rebeldes derrubaram o regime de Bashar al-Assad em dezembro, mas sem pôr termo à guerra civil que afeta a Síria desde 2011.

Fidan e Kallas também mostraram ligeiras divergências relativamente ao conflito na Ucrânia, com o ministro turco a declarar disponibilidade para "apoiar as negociações com vista ao fim imediato da guerra e a uma solução justa".

"Estamos a reforçar a posição da Ucrânia e impusemos as sanções mais abrangentes à Rússia. Queremos paz, mas queremos que essa paz seja duradoura", afirmou Kallas.

A chefe da diplomacia europeia admitiu haver "algumas divergências" da UE com a Turquia sobre a necessidade de "colmatar lacunas nas sanções contra a Rússia".

A Turquia sempre defendeu a integridade e a soberania da Ucrânia, mas também mantém boas relações com a Rússia e não aderiu às sanções europeias contra Moscovo.

Fidan reiterou que a adesão à UE continua a ser um "objetivo estratégico" para a Turquia e lamentou que o processo tenha sido atrasado por "questões políticas internas" de alguns países europeus.

A Turquia apresentou um pedido de adesão à então Comunidade Económica Europeia em 1987.

Doze anos depois, em 1999, foi declarada elegível para aderir à UE, mas as negociações, iniciadas em 2005, têm sido afetadas por divergências em diversas áreas.

Leia Também: Dois guardas fronteiriços iraquianos vítimas de disparos no Curdistão

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