"Compreendemos as preocupações da Turquia em matéria de segurança, mas qualquer ação no norte da Síria deve ter em conta o equilíbrio delicado do futuro frágil e esperançoso da Síria", afirmou Kallas numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo turco, Hakan Fidan, em Ancara.
A Alta Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Segurança respondia ao pedido de Fidan para que todos os países parceiros da Turquia deixassem de colaborar com a milícia turca.
Ancara descreve sistematicamente as milícias curdas como parte do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), o grupo de guerrilha curdo da Turquia, que também é classificado como uma organização terrorista pelos Estados Unidos e pela UE.
Kallas, que visitou hoje a Turquia pela primeira vez desde que assumiu funções em dezembro, concordou com Fidan sobre a necessidade de levantar as sanções da UE contra a Síria, mas defendeu um processo faseado e reversível.
"Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE reúnem-se na segunda-feira, 27 de janeiro. O plano de levantamento das sanções prevê um processo faseado. Começaremos pelo que é mais necessário para a recuperação económica", afirmou.
Kallas disse que se os novos dirigentes da Síria seguirem na direção certa, a UE passará ao nível seguinte.
"Se forem na direção errada, voltaremos a impor sanções. Tudo isto será decidido na segunda-feira", afirmou.
Forças rebeldes derrubaram o regime de Bashar al-Assad em dezembro, mas sem pôr termo à guerra civil que afeta a Síria desde 2011.
Fidan e Kallas também mostraram ligeiras divergências relativamente ao conflito na Ucrânia, com o ministro turco a declarar disponibilidade para "apoiar as negociações com vista ao fim imediato da guerra e a uma solução justa".
"Estamos a reforçar a posição da Ucrânia e impusemos as sanções mais abrangentes à Rússia. Queremos paz, mas queremos que essa paz seja duradoura", afirmou Kallas.
A chefe da diplomacia europeia admitiu haver "algumas divergências" da UE com a Turquia sobre a necessidade de "colmatar lacunas nas sanções contra a Rússia".
A Turquia sempre defendeu a integridade e a soberania da Ucrânia, mas também mantém boas relações com a Rússia e não aderiu às sanções europeias contra Moscovo.
Fidan reiterou que a adesão à UE continua a ser um "objetivo estratégico" para a Turquia e lamentou que o processo tenha sido atrasado por "questões políticas internas" de alguns países europeus.
A Turquia apresentou um pedido de adesão à então Comunidade Económica Europeia em 1987.
Doze anos depois, em 1999, foi declarada elegível para aderir à UE, mas as negociações, iniciadas em 2005, têm sido afetadas por divergências em diversas áreas.
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