A menos de um mês dos alemães escolherem um novo governo, os Verdes, que integraram a coligação liderada por Olaz Scholz, votam o seu programa eleitoral que promete continuar a lutar pela proteção climática, apoiar a Ucrânia e, como ponto polémico dentro do partido, aumentar o investimento em defesa de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para 3,5%.
O encontro extraordinário dos Verdes está marcado para domingo, 26 de janeiro, numa altura em que os partidos se preparam para as últimas quatro semanas de campanha até à ida às urnas, a 23 de fevereiro.
Os Verdes continuam, segundo as últimas sondagens, com uma votação entre os 13 e os 15% de votos, e esperam poder entrar num futuro governo.
O que o candidato a chanceler, Robert Habeck, não esperava era que um escândalo dentro do partido rebentasse mesmo às portas das eleições antecipadas: Stefan Gelbhaar, um dos deputados do partido, membro do Bundestag desde 2017, foi acusado de assédio no final do ano passado.
Negando sempre as alegações e apelidando-as de "mentirosas", o político de Berlim decidiu não concorrer ao parlamento através da lista estadual.
"O motivo é que, enquanto estou a lidar com as acusações que foram feitas contra mim, quero evitar possíveis danos ao partido, mas também às pessoas afetadas pela violência sexual", revelou. O partido também já tinha anunciado que acusações infundadas contra Gelbhaar seriam penalizadas com um processo de expulsão.
Apesar da informação ter sido noticiada por vários meios, citando até uma mulher, o Ministério Público revelou não ter recebido qualquer queixa. A estação rbb, que citou uma mulher, revelou que, depois de investigada, a fonte parecia ser falsa e a acusação vir do interior do próprio partido.
No sábado soube-se que Shirin Kresse, deputada distrital, ter-se-ia demitido do partido e renunciado ao seu lugar na assembleia distrital de Berlim-Mitte.
O caso está a agitar a campanha, principalmente porque ainda não foi esclarecido, e a União Democrata-Cristã (CDU), que lidera por agora as sondagens, já falou de uma "acusação brutal" no círculo do candidato a chanceler Robert Habeck.
O secretário-geral da CSU (partido irmão da CDU na Baviera) exigiu que Habeck, que ainda ocupa o lugar de ministro da Economia, apresente explicações: "O que é que Robert Habeck sabia? Ele estava metido nisto", questionou Martin Huber.
O próprio candidato dos Verdes também já assumiu que os acontecimentos são "graves e chocantes", sublinhando a importância de um esclarecimento "rápido" e "implacável", garantindo que o partido a nível federal está "totalmente empenhado" no seu esclarecimento.
Annalena Baerbock, também ela dos Verdes e atual ministra dos Negócios Estrangeiros, não comentou o caso.
À polémica interna que Habeck terá de carregar no City Cube de Berlim, no domingo, junta-se uma manifestação na zona do local do congresso extraordinário, convocada pela organização "Fridays for Future" para a manhã de domingo.
Os ativistas pretendem recordar ao partido os seus compromissos em matéria de proteção do clima.
"Precisamente porque a destruição do clima está a servir de propaganda nesta campanha eleitoral, não basta defender os progressos alcançados pela coligação semáforo", revelou a ativista Carla Reemtsma.
De acordo com a organização, os primeiros passos estão dados no programa eleitoral que os Verdes querem votar, por exemplo com a eliminação progressiva dos motores de combustão, mas o partido terá de ir mais além nos objetivos, propondo, por exemplo, o fim dos combustíveis fósseis.
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