A presidente da Comissão Europeia referiu hoje, véspera do 80.º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz, que os milhões de judeus "assassinados a sangue-frio" e todas as vítimas do Holocausto jamais serão esquecidos.
Numa publicação partilhada na sua conta oficial na rede social Twitter, pelas 19h00 de hoje, Ursula von der Leyen começou por recordar que na segunda-feira "passam 80 anos desde a libertação do campo de concentração e exterminação nazi de Auschwitz-Birkenau".
"Nunca iremos esquecer os seis milhões de judeus assassinados a sangue-frio e todas as vítimas do Holocausto. À medida que os últimos sobreviventes desaparecem, é nosso dever enquanto europeus lembrar os crimes indescritíveis e honrar a memória das vítimas", defendeu a política alemã.
Numa segunda publicação, Ursula Von der Leyen alertou que o antissemitismo "está a ressurgir na Europa".
"A necessidade de o combater, na Internet e fora dela, nunca foi tão grande. A história dos judeus é inseparável da história da Europa. Estamos determinados, não só a proteger, mas também a celebrar a vida judaica na Europa", lê-se na publicação.
O edifício da Comissão Europeia, em Bruxelas, foi iluminado de azul em homenagem às vítimas do Holocausto.
Auschwitz-Birkenau tornou-se símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreu naquele local entre 1940 e 1945, juntamente como mais de 100 mil não judeus.
Proclamado oficialmente em novembro de 2005, o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, que se assinala na segunda-feira, comemora a libertação pelas tropas soviéticas, em 1945, do campo de concentração e extermínio nazi alemão de Auschwitz-Birkenau.
O 80.º aniversário da libertação de Auschwitz será assinalado com uma cerimónia oficial, que contará com a presença de cerca de meia centena de sobreviventes e 54 delegações internacionais, e sem os líderes russo e israelita.
Tanto o presidente russo, Vladimir Putin, como o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, enfrentam mandados de captura do Tribunal Penal Internacional, que os acusa de crimes contra a humanidade respetivamente na invasão da Ucrânia, desde fevereiro de 2022, e no conflito na Faixa de Gaza, em outubro do ano seguinte.
No entanto, foi confirmada a presença de uma delegação do Estado judaico, que será liderada pelo ministro da Educação, Yoav Kisch.
A Rússia não é convidada desde que invadiu a Ucrânia, interrompendo a representação nas cerimónias anuais de uma delegação de Moscovo, cujas tropas do Exército Vermelho soviético libertaram Auschwitz em 27 de janeiro de 1945.
Cerca de 40 países confirmaram a sua presença, a maioria representados ao mais alto nível por chefes de Estado, incluindo os presidentes francês, Emmanuel Macron, e alemão, Frank-Walter Steinmeier, além dos monarcas de Espanha, Bélgica, Dinamarca e Holanda e Reino Unido.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, e a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, também confirmaram a presença, enquanto Portugal será representado pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro, num dia em que a agenda política em Lisboa será em grande parte dominada pela visita do secretário-geral da NATO, Mark Rutte.
De acordo com o Memorial e Museu de Auschwitz-Birkenau, situado na Polónia, as cerimónias terão início às 16h00 locais (15h00 Lisboa) numa tenda erguida junto do portão do antigo campo de Auschwitz II-Birkenau, onde será colocado um vagão de carga usado no transporte de prisioneiros como símbolo do evento.
Como símbolo da luta contra o discurso de ódio, a casa ocupada durante a Segunda Guerra Mundial pelo comandante do campo de Auschwitz foi comprada para se tornar um centro de combate ao antissemitismo e ao radicalismo, segundo o Projeto Contra o Extremismo (CEP), sediado nos Estados Unidos.
A antiga residência de Rudolf Höss, com um grande jardim onde o comandante nazi e a sua família levavam uma vida idílica ao lado dos "campos da morte", abrirá pela primeira vez na segunda-feira, segundo o presidente e fundador do CEP, Mark Wallace, como "um símbolo extraordinário" da luta para travar o ódio e o antissemitismo que estão mais uma vez a "tomar conta da sociedade".
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