"<span class="news_bold">A fronteira está fechada", disse a fonte consular.
"Ninguém entra nem sai, à exceção de alguns funcionários das Nações Unidas e familiares que foram retirados [de Goma] esta manhã", acrescentou um trabalhador de uma organização humanitária presente no principal ponto de passagem entre a RDC e o Ruanda.
O grupo armado Movimento 23 de Março (M23) reclamou hoje o controlo da cidade de Goma, capital da província de Kivu do Norte, no nordeste da República Democrática do Congo (RDC).
Em comunicado, a Aliança do Rio Congo (AFC-M23, em francês), uma coligação político-militar da RDC que integra o M23, anunciou um "dia glorioso que marca a libertação da cidade de Goma".
"Apelamos a todos os habitantes de Goma para que mantenham a calma. A libertação da cidade foi efetuada com sucesso e a situação está sob controlo", disse o grupo armado.
Nos últimos dias ocorreram intensos combates entre o M23 e o Exército da RDC que já provocaram milhares de deslocados.
"Goma está prestes a cair", dizia hoje de manhã em Paris o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noel Barrot, condenando a situação militar na região.
A entrada na capital da província de Kivu do Norte, na fronteira com o Ruanda e onde vive um milhão de habitantes e um milhão de deslocados, marca o fim de várias semanas de avanços dos soldados ruandeses e dos combatentes do M23 contra o Exército de Kinshasa.
Entretanto, o governo do Quénia convocou uma reunião para discutir o conflito que se prolonga na RDC há mais de três anos.
De acordo com a France Prece, a reunião em Nairobi deve realizar-se esta semana.
A RDC acusa o Ruanda de pretender controlar os recursos naturais da região oriental da RDC, contudo Kigali nega as acusações de Kinshasa.
Os combatentes do Movimento 23 de Março (M23) e 3.500 soldados ruandeses, segundo a ONU, entraram no domingo em Goma, onde estavam sitiados há vários dias, de acordo com várias fontes das Nações Unidas.
Hoje os jornalistas da AFP ouviram fogo de artilharia pesada no centro de Goma, nas margens do Lago Kivu.
Como sinal do "caos que se instalou", a prisão da cidade com três mil reclusos foi "incendiada" na sequência de uma evasão que causou mortos, disse à AFP uma fonte de segurança, sem adiantar números.
O Ruanda e o M23 acusam o Exército da RDC de cooperação com o grupo rebelde Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), fundado em 2000 por líderes do genocídio de 1994 e outros ruandeses exilados.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou no domingo às Forças de Defesa do Ruanda (Forças Armadas) para que se retirem do leste e deixem de apoiar o M23.
Nas últimas 48 horas, recordou António Guterres, três militares da missão da ONU, dois da África do Sul e um do Uruguai, foram mortos em combates enquanto onze ficaram feridos.
A atividade armada do M23 recomeçou em novembro de 2021 com ataques contra o Exército congolês no Kivu Norte, sendo que em março de 2022 o grupo iniciou uma ofensiva armada de grande escala.
Desde essa altura, o M23 avançou em várias frentes até chegar a uma posição perto de Goma, onde vivem dois milhões de pessoas.
Desde 1998, o leste da RDC enfrenta um conflito entre milícias armadas apesar da presença das Nações Unidas.
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