Yoon Suk-yeol, que se encontra sob custódia policial e foi acusado de incitação à insurreição e abuso de poder, rejeitou categoricamente que a lei marcial pudesse ser considerada uma "rebelião".
"Como é que isto poderia levar a uma guerra civil? Por que razão esta lei marcial é considerada uma rebelião?", questionou o político, cujas declarações foram citadas pela sua equipa jurídica.
Esta é a primeira vez que Yoon Suk-yeol se pronuncia oficialmente sobre os acontecimentos desde que foi acusado pela Procuradoria da Coreia do Sul, há dois dias.
O político aguarda que o Tribunal Constitucional confirme ou revogue a sua destituição de forma definitiva, enquanto permanece retido no Centro de Detenção de Seul.
"[Yoon] declarou a lei marcial no exercício dos seus poderes constitucionais porque considerava que o país enfrentava uma grave crise devido à ditadura imposta pela Assembleia Nacional, amplamente controlada pela oposição", argumentaram os advogados do Presidente destituído.
Nesse sentido, alegaram, o objetivo era "informar o povo sobre a crise e apelar à sua compreensão".
Contudo, o próprio parlamento exigiu a revogação da medida, à qual Yoon Suk-yeol acedeu por considerar que o pedido também foi feito "dentro dos trâmites constitucionais".
"Revogou-a imediatamente, e tudo foi feito de acordo com a legalidade vigente", reiteraram os advogados.
"Alguém perdeu a vida ou houve derramamento de sangue? Houve prisões ou atos de repressão contra políticos? Alguma tentativa nesse sentido sequer foi feita?", questionou o político, citado pela agência de notícias pública sul-coreana Yonhap.
Yoon Suk-yeol assegurou ainda que nunca teve a intenção de "manter a lei marcial por um longo período", afirmando que o seu governo "não tinha um plano pormenorizado para a gestão do país sob essa lei".
"Preocupo-me, acima de tudo, com o futuro deste país. Há muitos cidadãos que lutam diariamente para sobreviver e receio que o inverno e o frio tornem tudo ainda mais difícil para eles. Também me preocupo com os jovens e as futuras gerações, que precisam de alimentar os seus sonhos, mas veem-nos frustrados pela realidade", concluiu.
Yoon foi detido este mês numa operação policial realizada de madrugada por insurreição, tornando-se o primeiro Presidente sul-coreano em funções a ser detido no âmbito de uma investigação criminal.
Depois de ter imposto abruptamente a lei marcial em 03 de dezembro, Yoon enviou tropas e agentes da polícia para cercar a Assembleia Nacional (parlamento).
No entanto, um número suficiente de deputados conseguiu entrar para votar unanimemente a rejeição do decreto, obrigando o gabinete de Yoon a levantar a medida na manhã seguinte.
A Assembleia Nacional aprovou a destituição de Yoon em 14 de dezembro, decisão que está a ser avaliada pelo Tribunal Constitucional.
O decreto de lei marcial durou apenas seis horas, mas conseguiu mergulhar a Coreia do Sul na pior crise política em décadas.
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