Coreia do Sul. Yoon acredita que lei marcial foi "legal" e constitucional

O Presidente sul-coreano deposto Yoon Suk-yeol defendeu hoje que a imposição da lei marcial no início de dezembro, decisão que levou à sua destituição pelo parlamento, foi "legal" e que foi aplicada "de acordo com a Constituição".

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© South Korean Presidential Office via Getty Images

Lusa
28/01/2025 14:53 ‧ há 2 dias por Lusa

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Coreia do Sul

Yoon Suk-yeol, que se encontra sob custódia policial e foi acusado de incitação à insurreição e abuso de poder, rejeitou categoricamente que a lei marcial pudesse ser considerada uma "rebelião".

 

"Como é que isto poderia levar a uma guerra civil? Por que razão esta lei marcial é considerada uma rebelião?", questionou o político, cujas declarações foram citadas pela sua equipa jurídica.

Esta é a primeira vez que Yoon Suk-yeol se pronuncia oficialmente sobre os acontecimentos desde que foi acusado pela Procuradoria da Coreia do Sul, há dois dias.

O político aguarda que o Tribunal Constitucional confirme ou revogue a sua destituição de forma definitiva, enquanto permanece retido no Centro de Detenção de Seul.

"[Yoon] declarou a lei marcial no exercício dos seus poderes constitucionais porque considerava que o país enfrentava uma grave crise devido à ditadura imposta pela Assembleia Nacional, amplamente controlada pela oposição", argumentaram os advogados do Presidente destituído.

Nesse sentido, alegaram, o objetivo era "informar o povo sobre a crise e apelar à sua compreensão".

Contudo, o próprio parlamento exigiu a revogação da medida, à qual Yoon Suk-yeol acedeu por considerar que o pedido também foi feito "dentro dos trâmites constitucionais". 

"Revogou-a imediatamente, e tudo foi feito de acordo com a legalidade vigente", reiteraram os advogados.

"Alguém perdeu a vida ou houve derramamento de sangue? Houve prisões ou atos de repressão contra políticos? Alguma tentativa nesse sentido sequer foi feita?", questionou o político, citado pela agência de notícias pública sul-coreana Yonhap.

Yoon Suk-yeol assegurou ainda que nunca teve a intenção de "manter a lei marcial por um longo período", afirmando que o seu governo "não tinha um plano pormenorizado para a gestão do país sob essa lei".

"Preocupo-me, acima de tudo, com o futuro deste país. Há muitos cidadãos que lutam diariamente para sobreviver e receio que o inverno e o frio tornem tudo ainda mais difícil para eles. Também me preocupo com os jovens e as futuras gerações, que precisam de alimentar os seus sonhos, mas veem-nos frustrados pela realidade", concluiu.

Yoon foi detido este mês numa operação policial realizada de madrugada por insurreição, tornando-se o primeiro Presidente sul-coreano em funções a ser detido no âmbito de uma investigação criminal.

Depois de ter imposto abruptamente a lei marcial em 03 de dezembro, Yoon enviou tropas e agentes da polícia para cercar a Assembleia Nacional (parlamento).

No entanto, um número suficiente de deputados conseguiu entrar para votar unanimemente a rejeição do decreto, obrigando o gabinete de Yoon a levantar a medida na manhã seguinte.

A Assembleia Nacional aprovou a destituição de Yoon em 14 de dezembro, decisão que está a ser avaliada pelo Tribunal Constitucional.

O decreto de lei marcial durou apenas seis horas, mas conseguiu mergulhar a Coreia do Sul na pior crise política em décadas.

Leia Também: Queda na Coreia do Sul: Além de penas e sangue de pato, o que se sabe?

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