Evacuações clínicas de Cabo Verde para Portugal vão continuar

O primeiro-ministro cabo-verdiano afirmou esta terça-feira, em Lisboa, que as evacuações clínicas para Portugal vão continuar, apesar de representarem custos para o sistema de saúde português, sublinhando que a realização de transplantes em Cabo Verde deverá reduzir esta necessidade.

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Lusa
28/01/2025 16:07 ‧ há 2 dias por Lusa

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Cabo Verde

Durante a conferência de imprensa que se seguiu à assinatura de um conjunto de instrumentos celebrados por ocasião da VII Cimeira Portugal - Cabo Verde, que decorre desde segunda-feira em Lisboa, Ulisses Correia e Silva disse que a evacuação médica ainda continua, porque o arquipélago não é autossuficiente na resposta em todas as áreas.

 

"Esta parceria que temos com Portugal na saúde e nas evacuações é uma das áreas mais importantes, porque, apesar de representar custos para o sistema de saúde português, é uma vertente de cooperação muito importante e é para continuar", disse, ao lado do primeiro-ministro português, anfitrião do encontro.

O chefe do Governo cabo-verdiano destacou o trabalho que está a ser desenvolvido em Cabo Verde para a realização de transplantes no país, evitando assim a deslocação para Portugal destes doentes.

Um dos protocolos firmados entre os dois países, no âmbito da cimeira que hoje termina, foi precisamente um acordo de parceria entre o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. e o Ministério da Saúde da República de Cabo Verde, relativo ao Projeto "Programa de Transplante Renal".

Sobre o mesmo, Ulisses Correia e Silva disse que Cabo Verde vai realizar transplantes renais em pelo menos um dos hospitais centrais, o que disse ser "um passo significativo" na autonomização de "condições técnicas, humanas e de especialidade tecnológica para fazer este tipo de intervenção".

"Aí reduzimos a necessidade de evacuação externa para Portugal e damos conforto a pessoas que estão hoje em processos de diálise na Praia [ilha de Santiago] e em São Vicente, mais a possibilidade de terem acesso à resolução definitiva dos seus problemas de saúde com transplantes", disse.

"As pessoas que vêm [para Portugal] para tratamentos com problemas renais, enquanto não tiverem soluções de transplante ficarão sempre em situação de evacuação", disse.

Dados da Direção-Geral da Saúde (DGS) indicam que, entre 2021 e 2023, Cabo Verde foi o país que mais doentes transferiu para tratamento em Portugal, dos 4.296 doentes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) aí tratados nesse período.

Cabo Verde transferiu 43% do total de doentes dos PALOP, seguindo-se a Guiné-Bissau (29%), São Tomé e Príncipe (24%), Angola (3%) e Moçambique (2%).

Ulisses Correia e Silva observou ainda que está em curso um projeto de construção de um novo hospital em Cabo Verde, que irá dispor de especialidades como oncologia, neurologia, traumatologia ou cardiologia, que são "as áreas que mais demandam evacuações".

E adiantou: "Estamos a trabalhar nestes projetos. Está a levar o tempo que é necessário. Para além da componente física da construção física, temos toda a componente tecnológica, especializações, para podermos erigir esse hospital. É mais um instrumento que vai depois reduzir a demanda para a evacuação".

Sobre este caminho que "Cabo Verde está a trilhar", com a ajuda de Portugal, o governante sublinhou: "Não é só dar ajuda, é apoiar para que Cabo Verde seja autónomo e crie condições do seu processo de desenvolvimento".

Hoje, entre os vários acordos assinados entre representantes dos governos português e cabo-verdiano, no Ministério dos Negócios Estrangeiros, um deles foi um Memorando de Entendimento para o Desenvolvimento do Programa de Saúde.

Na área da saúde, foi também assinado um Memorando de Entendimento entre o Ministério da Saúde da República Portuguesa e o Ministério da Saúde da República de Cabo Verde no âmbito da Saúde Digital e um Protocolo de Entendimento e de Cooperação Técnica e Científica na Área da Saúde entre a Unidade Local de Saúde de Coimbra, E.P.E., e o Hospital Central da Praia - Hospital Dr. Agostinho Neto.

No âmbito desta cimeira, serão assinados 30 protocolos de cooperação em várias áreas.

Leia Também: Cabo Verde aposta na formação profissional para regular migrações

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