A visita do Emir do Qatar, Tamim bin Hamad Al-Thani, é a primeira de um chefe de Estado à Síria desde a queda do regime do Presidente Bashar al-Assad, em dezembro passado. A agenda da deslocação foi centrada em conversações sobre a estratégia para a reconstrução do país.
"Nas reuniões de hoje, discutimos uma estrutura abrangente para o envolvimento bilateral na reconstrução", disse Assad al-Shaibini, durante uma conferência de imprensa com o ministro de Estado do Qatar, Mohammed Al-Khulaifi.
O Emir foi recebido à sua chegada a Damasco pelo líder de facto da Síria e recém-nomeado Presidente de transição, Ahmed al-Charaa.
De acordo com as autoridades do Qatar, as reuniões entre os dois países centraram-se em acordos para "setores vitais como as infraestruturas (...), investimentos, serviços bancários", bem como para dar os primeiros passos para uma "recuperação económica".
O ministro de Estado do Qatar congratulou-se com estes avanços negociais, classificando-os como um sinal do "fim do período da revolução e da transição para a fase de fundação do Estado".
O primeiro-ministro do Qatar já tinha visitado Damasco em meados de janeiro e anunciado que Doha iria fornecer o apoio técnico necessário para a reabilitação das infraestruturas do país devastado pela guerra, tendo nessa altura prometido o fornecimento de 200 megawatts de eletricidade.
Segundo uma fonte diplomática, Doha poderá também financiar um aumento dos salários do setor público, decidido pela nova administração síria.
Ao contrário de outros países árabes nos últimos anos, o Qatar, que apoiou a oposição ao regime de Bashar al-Assad durante a guerra na Síria, nunca restabeleceu relações diplomáticas com Damasco.
Após a queda do regime de Al-Assad, o Qatar foi o segundo país, depois da Turquia, a reabrir a sua embaixada na capital síria.
Alguns novos ministros sírios, incluindo o novo chefe da diplomacia, visitaram Doha no início de janeiro.
Desde dezembro que líderes árabes e ocidentais têm vindo a Damasco para conhecer o novo regime sírio.
Uma delegação da Rússia, aliada próxima do antigo líder, visitou Damasco esta semana, e vários chefes de diplomacia e altos representantes de países como França, Alemanha e Turquia também estiveram no território sírio.
O Ministério da Defesa sírio informou hoje que uma delegação militar turca de alto nível também está em Damasco.
A 08 de dezembro de 2024, uma coligação rebelde islamita derrubou o regime do Presidente Bashar al-Assad e tomou o poder, desencadeando um processo de transição em que as novas autoridades se comprometeram a resolver os principais problemas do país.
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