A moção da União Democrata Cristã (CDU) e do partido irmão na Baviera, a CSU, que foi aprovada esta quarta-feira no parlamento alemão, com o apoio dos Liberais do FDP e do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), está a dominar por completo a campanha política no país que vai a eleições em 23 de fevereiro.
Em Dresden, onde está marcada hoje uma ação de campanha do líder da CDU e candidato a chanceler Friedrich Merz, um protesto espontâneo juntou cerca de mil pessoas.
A maioria dos alemães é a favor de uma política de asilo mais rigorosa, mas não querem qualquer intervenção ou acordo com a extrema-direita.
A discussão sobre o tema tem sido acentuada por vários atos de violência recentes envolvendo estrangeiros, em particular um esfaqueamento em Aschaffenburg, na semana passada, um ataque num mercado de Natal em Magdeburg, que matou seis pessoas em dezembro, e outro esfaqueamento em Solingen, no verão passado, em que morreram três pessoas.
Os manifestantes acusam a CDU de ter falhado com a promessa de manter um "cordão sanitário" à extrema-direita, apelando aos conservadores e liberais que ponham fim a qualquer cooperação com a AfD.
O protesto foi convocado por várias organizações como "Fridays for Future" Dresden, ou as juventudes dos partidos SPD, Verdes e a Esquerda.
Em frente à sede da CDU, em Berlim, dezenas de polícias bloqueiam a passagem de manifestantes que se estão a juntar desde as 18.00 (hora local).
Em Leipzig também houve um comício hoje no mercado e na sede distrital da CDU sob o lema "Parem Merz e a AfD".
A antiga chanceler alemã, Angela Merkel, também se distanciou hoje do líder do seu partido, a CDU: "Seria errado deixar de me sentir vinculada a esta proposta e, assim, permitir, pela primeira vez, uma maioria com os votos da AfD numa votação do parlamento alemão", escreveu na sua página oficial.
A CDU está à frente nas sondagens com cerca de 30% dos votos. Os analistas políticos acreditam que a aprovação da moção para travar a imigração ilegal e melhorar a segurança na Alemanha com a ajuda da extrema-direita pode ter impacto nos resultados.
A proposta de Merz assentava em cinco pontos que incluíam a proibição de imigrantes sem documentos válidos e o controlo permanente em todas as fronteiras da Alemanha.
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