"Não estamos a romper as nossas relações com a França, mas estamos a pôr fim à dimensão militar desta cooperação", declarou Mahamat Idriss Deby, perante os soldados chadianos e o corpo diplomático, na base onde estava hasteada a única bandeira chadiana, depois de na quinta-feira ter sido realizada uma cerimónia militar de entrega simbólica das bandeiras francesas.
Esta partida, que se inscreve numa política de afastamento militar da França em África, marca o fim de uma longa história que remonta à chegada das tropas coloniais francesas ao Chade em 1900, com uma presença militar mantida após a descolonização em 1963.
"Devemos construir um exército ainda mais forte e melhor equipado e forjar novas alianças baseadas no respeito mútuo, sem perder de vista as exigências da independência e da soberania", acrescentou o Presidente chadiano, citado pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP).
Segundo o Estado-Maior francês, o pessoal e o material de combate foram transferidos para França, restando apenas os contentores, que serão transportados por terra e por mar por prestadores de serviços privados.
O último avião francês descolou da base de Kossei na quinta-feira à tarde, segundo as autoridades chadianas.
O Chade, um vasto país desértico e sem litoral, era o último ponto de apoio da França no Sahel, onde Paris tinha até 5.000 soldados no âmbito da operação antiterrorista, que terminou no final de novembro de 2022.
Desde então, quatro outras antigas colónias francesas - Níger, Mali, República Centro-Africana e Burkina Faso - ordenaram a Paris que retirasse o seu exército dos seus territórios, após anos de presença militar, e aproximaram-se de Moscovo.
O Senegal também está a negociar a retirada das tropas francesas até ao final de 2025, num contexto de retirada da região, também visível na redução dos efetivos na Costa do Marfim e no Gabão, em conformidade com um plano de reestruturação da presença militar francesa na África Ocidental e Central.
A base francesa de Djibuti, que acolhe 1.500 pessoas, não é afetada por esta redução, uma vez que Paris pretende fazer dela um "ponto de projeção" para "missões" em África, após a retirada forçada das suas forças do Sahel, escreve ainda a AFP.
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