Emmanuel Macron conversou na quinta-feira com os Presidentes de Angola, João Lourenço, do Burundi, Evariste Ndayishimiye, e do Uganda, Yoweri Museveni, segundo a Presidência francesa.
Os contactos do Presidente francês sobre esta questão vão continuar n domingo e na segunda-feira, adiantou, com os chefes de Estado do Quénia, William Ruto, do Congo-Brazzaville, Denis Sassou-Nguesso, e da África do Sul, Cyril Ramaphosa.
Emmanuel Macron também conversou na quinta-feira à noite com o Presidente da RDCongo, Félix Tshisekedi, para fazer o ponto da situação e perceber as "ações diplomáticas que podem ser tomadas", acrescentou o Palácio do Eliseu.
O Presidente francês "mantém-se em contacto" com o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, acrescentou ainda a Presidência, referindo que o chefe da diplomacia francesa, Jean-Noël Barrot, efetuou visitas a Kinshasa e Kigali na quinta e sexta-feira.
"A cessação das hostilidades é claramente uma condição prévia para o reatamento do diálogo", sublinhou o Eliseu após esta série de conversações com os países vizinhos da RDCongo e do Ruanda, que apoia o movimento rebelde M23.
Ao nível das Nações Unidas (ONU) e da União Europeia (EU), existe uma "convergência para elevar o tom e reforçar a pressão tanto sobre o M23 como sobre o Ruanda e os atores congoleses que estão numa lógica de tomada de poder", segundo a mesma fonte, quando questionada sobre eventuais sanções internacionais.
Depois de conquistar a grande cidade de Goma, capital da província do Kivu Norte no leste do RDCongo, no início da semana, o grupo armado anti-governamental M23 e o exército ruandês estão a avançar na província vizinha em direção à cidade de Bukavu.
"Estamos em Goma para ficar", disse o chefe da plataforma político-militar a que pertence o M23, Corneille Nangaa, numa conferência de imprensa em Goma, na quinta-feira, na qual garantiu que vão "continuar a marcha de libertação até Kinshasa".
A Bélgica já pediu à UE que considerasse a possibilidade de aplicar sanções contra o Ruanda.
Na quinta-feira, Londres ameaçou "rever toda a ajuda britânica ao Ruanda" e o Presidente angolano, mediador designado pela União Africana, exortou os seus homólogos da RDCongo e do Ruanda a empenharem-se no processo de pacificação da região, nomeadamente com a retirada das Forças de Defesa do Ruanda do território.
A guerra opõe o movimento rebelde M23 ao exército governamental no leste da RDCongo, onde se registaram numerosos surtos de doenças contagiosas e uma enorme escassez de ajuda por parte da comunidade humanitária, que considera a situação muito difícil.
De acordo com a ONU, mais de meio milhão de pessoas foram deslocadas pelos combates desde o início de janeiro.
Os confrontos à volta de Goma agravaram a crise humanitária nesta região estratégica, com um subsolo rico, abalada desde há décadas pela violência de grupos armados apoiados em parte pelos vizinhos da RDCongo e agravada após o genocídio ruandês de 1994.
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