O ex-marido de Gisèle Pelicot, Dominique Pelicot, foi interrogado, na quinta-feira, por suspeitas de que poderá ter estado envolvido numa violação seguida de homicídio, em 1991, assim como numa tentativa de violação, em 1999.
“O Sr. Pelicot respondeu a todas as perguntas que lhe foram feitas, cooperando como sempre fez”, assegurou a advogada de defesa, Beatrice Zavarro, citada pela AFP.
Zavarro adiantou que a investigação, que está a cargo de uma unidade do subúrbio parisiense de Nanterre dedicada a “casos arquivados”, está em curso desde outubro de 2022 e que o seu cliente já foi interrogado em outubro de 2023.
Pelicot admitiu ter sido o responsável pela tentativa de violação em Sena e Marna, em 1999, depois de ter sido identificado através de ADN.
“Fui eu, de facto. Tirei-lhe a t-shirt, os sapatos e as calças, mas não fiz nada”, disse o homem de 72 anos, em tribunal.
Contudo, o sujeito rejeitou ter matado e violado a agente imobiliária Sophie Narme, em Paris, em 1991.
“Não tenho nada a ver com esse caso”, garantiu, apesar das semelhanças entre os dois crimes.
É que, de acordo com a AFP, as vítimas eram ambas jovens agentes imobiliárias de 23 anos, que foram abordadas por um homem com um nome falso sob o pretexto de ver um apartamento.
Pelicot deu conta de que “tinha um frasquinho de éter no carro e um pedaço de fio”, que usou para atacar a jovem no caso de 1999. Um forte cheiro a éter, um anestésico utilizado em cirurgias, foi também registado no local do crime de 1991.
Questionado quanto ao porquê de ter fugido, em 1999, o homem confessou que teve “um bloqueio mental”.
“Pensei que poderia ter sido a minha filha”, disse.
Caroline Darian também teria cerca de 20 anos na altura. Agora, aos 46 anos, a filha de Pelicot acredita ter sido drogada e violada pelo pai, depois de ter encontrado fotografias do seu corpo inconsciente, com roupa interior que não reconheceu, entre os registos que o progenitor guardava dos seus crimes.
Recorde-se que 51 homens com idades entre os 27 e os 74 anos foram considerados culpados e condenados por terem violado Gisèle Pelicot, cuja coragem foi elogiada e considerada um marco por rejeitar que o processo decorresse à porta fechada.
O ex-marido de Gisèle foi condenado em 19 de dezembro a 20 anos de prisão pelo Tribunal de Avignon, no sul de França, por violação agravada. Pelicot foi também considerado culpado de filmar e possuir imagens tiradas sem o conhecimento de Gisèle, tendo registos de quase 200 violações, mas também por ter imagens da filha e das noras.
Também o diretor do site utilizado para contactar os homens que violaram Gisèle Pelicot foi acusado de oito crimes, pelos quais poderá ser condenado a um total de 72 anos de prisão em França.
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