"Lamentamos esta decisão e esperamos que os Estados Unidos a reconsiderem", disse Tedros na abertura de uma reunião do Conselho Executivo da OMS em Genebra, Suíça, que se prolonga até 11 de fevereiro.
Tedros referiu que já tinham sido adotadas medidas de redução de custos nos últimos dias para fazer face à saída dos Estados Unidos, que entrará em vigor no final de janeiro de 2026.
Mas apelou a um "diálogo construtivo para preservar e reforçar a relação histórica entre a OMS e os Estados Unidos", segundo a agência francesa AFP.
Os Estados Unidos tomaram medidas para deixar a OMS durante o primeiro mandato de Donald Trump em 2020, mas o seu sucessor, Joe Biden, pôs fim ao processo antes da retirada efetiva.
Dois dias depois de ter tomado posse em 20 de janeiro, Trump retomou o processo de saída da OMS, que justificou com a discrepância entre as contribuições financeiras norte-americanas e chinesas.
Trump acusou mesmo a OMS de "roubar" os Estados Unidos, o principal doador da organização, que representa mais de 16% do orçamento da organização.
No decreto, o governo de Trump recordou que os Estados Unidos decidiram retirar-se em 2020 devido à "má gestão" da pandemia de covid-19 por parte da OMS.
Citou também a "incapacidade [da OMS] de adotar reformas urgentemente necessárias" e de "demonstrar independência em relação à influência política inadequada dos Estados-Membros", numa alusão à China.
Tedros rejeitou as acusações, salientando que "nos últimos sete anos, (...) a OMS adotou as reformas mais profundas e abrangentes da sua história" em termos de estratégia, parcerias, financiamento, pessoal ou cultura.
"Acreditamos na melhoria contínua e gostaríamos de receber sugestões dos Estados Unidos e de todos os Estados-membros sobre a forma de vos servir melhor a vós e aos povos do mundo", afirmou.
"Por isso, embora estejamos a fazer muitas reformas, as sugestões adicionais são bem-vindas", acrescentou o biólogo e académico etíope, que preside à OMS desde 2017.
Muitos funcionários e delegados de vários países manifestaram apoio a Tedros, incluindo a secretária-geral adjunta da ONU, Amina Mohammed, para quem a OMS "é a guardiã da saúde mundial".
O representante da China destacou o "papel central" da OMS e apelou à "definição de indicadores de desempenho custo-eficácia para a utilização das contribuições dos Estados-membros".
A retirada dos Estados Unidos estará no centro das discussões do Conselho Executivo da OMS, composto por 34 países eleitos, quando examinar o orçamento para 2026-2027.
O projeto prevê mais de 7,4 mil milhões de dólares (7,1 mil milhões de euros, ao câmbio atual), mais 639 milhões de dólares (619 milhões de euros) do que o orçamento anterior.
A saída dos Estados Unidos é suscetível de pesar na balança, segundo a AFP.
A decisão final sobre o orçamento será tomada em maio, na reunião anual dos membros da OMS.
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