"Sempre houve problemas entre os Aliados", afirmou Rutte aos jornalistas, após um encontro com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, em Bruxelas.
Em resposta a uma pergunta sobre a ameaça do Presidente norte-americano, Donald Trump, de impor taxas aduaneiras sobre as importações de países da União Europeia (UE), o antigo primeiro-ministro dos Países Baixos mostrou-se "absolutamente convencido" de que os aliados podem "lidar com estas questões".
"Há sempre problemas entre aliados. Não é sempre tranquilo e harmonioso. Há sempre problemas, por vezes maiores, por vezes mais pequenos. Mas estou absolutamente convencido de que isto não terá impacto na nossa determinação coletiva de manter forte a nossa capacidade de dissuasão", vincou.
Trump assinou no sábado a ordem executiva para a aplicação de tarifas de 25% aos produtos provenientes do Canadá e do México, bem como confirmou uma tarifa de 10% adicionais sobre a China.
Sobre o interesse de Washington de comprar a Gronelândia, território autónomo gerido pela Dinamarca, e o potencial impacto de tal medida na unidade da Aliança, Rutte qualificou de "tonta" a ideia de uma NATO ou de uma organização exclusivamente europeia, sem os Estados Unidos.
"Sou um adepto convicto das relações transatlânticas. Acredito profundamente que o melhor que o Ocidente pode fazer é manter-se unido, e sei que o mesmo pensamento continua a prevalecer nos Estados Unidos, incluindo na Casa Branca", disse.
Na mesma conferência de imprensa, que aproveitou a presença de primeiro-ministro britânico em Bruxelas para participar no primeiro retiro informal dos líderes da União Europeia (UE) promovido pelo presidente do Conselho Europeu (António Costa), Keir Starmer disse que o Reino Unido não terá de escolher entre a Europa e os Estados Unidos.
"Ambas as relações são muito importantes para nós. Se olharmos para os nossos interesses nacionais, é muito importante trabalharmos com ambos e não vermos as coisas como um ou outro", enfatizou.
Starmer manifestou o interesse de manter o diálogo com Trump, o qual elogiou por ter ameaçado impor mais sanções à Rússia para forçar o fim da guerra na Ucrânia.
"Estamos todos a trabalhar para pôr fim a esta guerra, mas sejamos absolutamente claros, a paz virá através da força, e temos de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance", salientou.
Ainda na conferência de imprensa conjunta, Rutte instou o Reino Unido e os países europeus a investir mais na indústria da defesa e na produção de material militar para repor as reservas.
"Os desafios que enfrentamos são complexos, mas juntos na NATO, não há nada que não possamos fazer", afirmou ainda.
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