"A ocupação israelita está a atrasar a implementação do protocolo humanitário e a fugir às suas obrigações à luz do contínuo agravamento do sofrimento e da crise humanitária na Faixa de Gaza", afirmou o gabinete de imprensa do governo de Gaza no seu canal de mensagens Telegram, recordando os compromissos concertados no acordo de tréguas de janeiro.
Nos termos desse acordo, Israel comprometeu-se a permitir a entrada em Gaza de 60.000 caravanas e 200.000 tendas temporárias para alojar os habitantes da Faixa de Gaza que ficaram desalojados devido aos bombardeamentos israelitas dos últimos 16 meses.
Mas Israel "não cumpriu as suas promessas, nem aplicou os termos que assinou", apesar das necessidades dos habitantes de Gaza, acusou o governo dominado pelos islamitas palestinianos.
"Deveriam chegar 600 camiões de ajuda e combustível diariamente, incluindo 50 camiões de combustível e gás, e 4.200 camiões em sete dias", acrescentou a mesma fonte, referindo que deveria também ser entregue equipamento humanitário e de remoção de escombros, material para infraestruturas e manutenção e para o funcionamento da central elétrica do enclave.
Porém, segundo a mesma fonte, a "ocupação israelita está a obstruir e a atrasar a sua aplicação, o que agrava ainda mais a crise humanitária e aumenta o sofrimento da população civil na Faixa de Gaza, o que terá repercussões e efeitos graves e sem precedentes".
As autoridades de Gaza acusaram os Estados Unidos de serem igualmente responsáveis pelas consequências do incumprimento do acordo de cessar-fogo.
"Apelamos às partes garantes e às partes internacionais para que assumam as suas responsabilidades de forma eficaz e ativa e exerçam uma pressão séria, e para que assegurem a aplicação imediata das disposições do protocolo humanitário, sem restrições ou condições, tal como acordado", reiteraram.
Israel e o Hamas chegaram a um acordo em meados de janeiro para um cessar-fogo na Faixa de Gaza que incluía também a troca de 33 reféns israelitas por centenas de prisioneiros palestinianos, enquanto a ajuda humanitária seria autorizada a entrar no enclave após 16 meses de ofensiva.
A guerra em Gaza irrompeu depois de o Hamas ter lançado um ataque sem precedentes contra Israel, a 7 de outubro de 2023, causando cerca de 1.200 mortos e 240 reféns. Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar em Gaza que já resultou na morte de 47.500 pessoas.
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