"A questão do Estatuto de Proteção Temporária [TPS, siglas em inglês] já o abordei. É uma tragédia para muitos venezuelanos e nós estamos a ocupar-nos como uma prioridade", disse.
Maria Corina falava durante um encontro virtual com jornalistas transmitido através da plataforma Zoom e das suas redes sociais.
"Trata-se de uma questão desoladora que nos preocupa muito e na qual temos estado a trabalhar há muitos dias e, pessoalmente, nas últimas horas, tenho estado a falar com vários representantes do sul da Florida e de outros Estados, porque vamos resolver isto em conjunto", afirmou a líder da oposição na Venezuela.
Maria Corina sublinhou que a sua prioridade é o bem-estar dos venezuelanos, dentro e fora da Venezuela.
"Queremos que regressem, mas para uma Venezuela livre, segura e próspera, onde ninguém seja perseguido e que o façam voluntariamente", afirmou.
No entanto, sublinhou que os criminosos são outro assunto e que todos os governos têm o direito de fazer cumprir as suas leis.
"Isso é outra coisa. Temos dois meses, até 2 de abril, e estamos empenhados em procurar algum tipo de proteção efetiva para os bons venezuelanos, que são a grande maioria. Ou seja, os criminosos são uma pequena fração em relação com os venezuelanos de bem que estão a dar tudo por tudo para contribuir para a nação americana e que querem regressar, mas querem regressar em segurança", agregou
A líder opositora sublinhou ainda que ter conhecimento que as comunidades venezuelana e latino-americana têm sido solidárias e estão a organizar-se para dar apoio e orientação a partir dos EUA.
"E nós estamos também a apoiá-los, a nível político", acrescentou.
Um luso-venezuelano residente nos EUA disse à Lusa, por telefone, estar tenso, mas ao mesmo tempo tranquilo à espera do desenvolvimento da situação, sublinhando que desde 2023 está abrangido pelo TPS e que as deportações deverão afetar principalmente estrangeiros criminosos.
Um venezuelano, em Miami desde 2024, adiantou à Lusa que não tem TPS, mas que até agora não sentiu nenhum tipo de hostilidade de parte das autoridades, referindo também que tem marcação para março nos serviços migratórios dos EUA.
Mais de 300 mil venezuelanos a viver nos Estados Unidos estão em risco de deportação, depois de a administração norte-americana ter decidido revogar o estatuto de proteção temporária que os abrange, revelou hoje o jornal New York Times.
Citando documentos do Departamento de Segurança Nacional, o jornal afirma que a ordem deverá abranger mais de 300 mil venezuelanos que receberam aquele estatuto em 2023 e que o poderão perder nos 60 dias seguintes à publicação oficial da medida, ou seja, em abril.
No entender dos republicanos, este sistema tem permitido prolongar uma permanência supostamente temporária dos emigrantes nos Estados Unidos.
Segundo o New York Times, outros 250 mil venezuelanos estão abrangidos por aquele estatuto até setembro, pelo que a decisão revelada sugere que também estes podem estar em risco.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, garantiu no sábado que a Venezuela passará a receber todos os seus cidadãos que forem deportados dos Estados Unidos, incluindo criminosos, horas depois de, em Caracas, as autoridades venezuelanas terem libertado seis cidadãos norte-americanos que estavam detidos em cadeias do país, na sequência da deslocação do enviado especial de Donald Trump, Richard Grenell.
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