"A investigação da DDA de Salerno [investigadores antimáfia], que levou à abertura de 36 processos e descobriu mais de 2.000 pedidos falsos de autorização de residência, confirma mais uma vez o que o governo denunciou: a gestão dos fluxos migratórios tem sido um terreno fértil para criminosos sem escrúpulos durante anos", disse Meloni nas redes sociais.
"Havia um sistema que especulava sobre a imigração, explorando os cidadãos estrangeiros que estavam dispostos a pagar para obter uma autorização de residência, alimentando ganhos ilegais de milhões de euros", sublinhou Meloni.
"Não é por acaso que decidimos reforçar os controlos para evitar que as quotas de entrada legal acabem nas mãos daqueles que exploram a imigração para fazer negócios. E não é por acaso que apresentei uma queixa à Procuradoria-Geral da República para esclarecer as demasiadas anomalias deste sistema", acrescentou.
Para a primeira-ministra italiana, a imigração "não pode ser deixada à mercê do crime", pelo que o Governo que lidera continuará a trabalhar "para restabelecer regras sérias e a legalidade".
O Partido Democrático (PD), de centro-esquerda e na oposição, anunciou na segunda-feira que suspendeu o seu tesoureiro na Campânia, Nicola Salvati, depois de este ter sido colocado em prisão domiciliária no âmbito da investigação sobre a autorização de residência.
Segunda-feira, a polícia italiana desmantelou uma rede ilegal responsável pela falsificação de milhares de pedidos e autorizações de trabalho e de residência no país, pelos quais pelo menos 2.000 imigrantes extracomunitários pagaram somas avultadas.
A operação, que decorreu nas cidades italianas de Salerno, Nápoles e Caserta (sul), resultou na detenção de 31 pessoas pelos crimes de "associação para atividades criminosas", bem como de auxílio à "imigração ilegal, corrupção, falsificação de documentos públicos e branqueamento de capitais", informaram os 'carabinieri' (polícia militar italiana) num comunicado.
As autoridades italianas realizaram também "uma apreensão preventiva de somas de dinheiro que se acredita serem produto de atividades ilegais", segundo o mesmo comunicado.
As investigações revelaram a existência de "uma organização criminosa que fabricava e enviava milhares de pedidos falsos para trazer trabalhadores para Itália", o que gerou um volume ilícito de "vários milhões de euros", adiantaram as autoridades.
"Trata-se de um negócio que envolve mais de 2.000 pedidos falsos e, por cada pedido, o trabalhador estrangeiro pagava entre 6.000 e 7.000 euros", distribuídos posteriormente pelos membros da organização criminosa, afirmou o general Antonio Bandiera, comandante da unidade de proteção laboral dos 'carabinieri'.
As investigações evidenciaram ainda os papéis desempenhados pelos membros da associação que, "através de falsas declarações", colaboravam na submissão dos pedidos.
A rede envolvia vários cidadãos estrangeiros que atuavam como intermediários junto dos seus compatriotas, bem como funcionários públicos das Inspeções Territoriais do Trabalho de Salerno e Nápoles.
Os intermediários e trabalhadores públicos eram responsáveis por "encontrar e preparar documentação falsa" e por assegurar o "resultado favorável dos pedidos e a emissão de autorizações de entrada e de residência falsa" mediante pagamento.
A organização era ainda composta por elementos "alegadamente envolvidos no branqueamento do produto dos fundos ilícitos cobrados" aos migrantes, "muitas vezes através de faturas falsas".
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