A proposta, que foi apresentada pelo Governo gronelandês na segunda-feira, foi abordada com urgência e aprovada com 22 votos a favor e oito abstenções.
O texto da legislação sublinha a necessidade de "salvaguardar a integridade política da Gronelândia", e refere também os interesses geopolíticos do país e a conjuntura atual, marcada pela manifestação de interesse de "representantes de uma potência aliada (...) em tomar posse e controlo da Gronelândia".
No documento, os doadores estrangeiros são definidos como aqueles que residem ou estão domiciliados fora da Gronelândia.
Durante a discussão da proposta no Inatsisartut, o parlamento da Gronelândia, foi adotada uma alteração que esclarece que continuará a ser legal para os partidos e políticos gronelandeses receberem apoio financeiro do parlamento e dos partidos políticos dinamarqueses.
O presidente regional da Gronelândia, Múte B. Egede, anunciou hoje que tenciona propor a realização de eleições regionais a 11 de março.
O Governo da Gronelândia estabeleceu também esta semana que apenas os cidadãos dinamarqueses, ou pessoas que residam na Gronelândia há pelo menos dois anos, poderão adquirir propriedades na ilha.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem feito várias declarações sobre as suas intenções de controlar a Gronelândia devido à sua localização estratégica, não excluindo o recurso à força militar ou a sanções económicas, garantindo que Washington acabará por conseguir adquirir o território autónomo dinamarquês.
O governo autónomo da Gronelândia e o executivo da Dinamarca têm sublinhado nas últimas semanas que a decisão sobre o futuro da ilha recai sobre os cidadãos gronelandeses, mas os líderes têm-se mostrado dispostos a desenvolver uma cooperação económica e de defesa mais alargada com os Estados Unidos.
Numa sondagem publicada pelo diário dinamarquês Berlingske e pelo diário da Gronelândia Sermitsiaq na semana passada, 85% dos gronelandeses inquiridos afirmaram que não querem deixar a união com a Dinamarca para se tornarem parte dos Estados Unidos, embora a maioria apoie a independência.
Esta ilha ártica com dois milhões de quilómetros quadrados (80% dos quais cobertos de gelo), onde os Estados Unidos mantêm uma base militar ao abrigo de um amplo acordo de defesa assinado em 1951 entre Copenhaga e Washington, conta com uma população de apenas 56 mil habitantes.
Metade do orçamento da ilha, que procura a independência da Dinamarca, depende do apoio anual de Copenhaga, uma vez que as suas tentativas em obter receitas a partir das suas reservas minerais e petrolíferas inexploradas têm falhado até agora devido ao elevado custo de extração e outros obstáculos.
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