"Gaza é parte integrante do território palestiniano, e mais ninguém tem autoridade para determinar o destino do seu povo", sustentou o Ministério dos Negócios Estrangeiros afegão em comunicado, no qual destava que qualquer deslocação forçada seria ilegal e inaceitável.
O Governo talibã criticou a proposta de Trump como parte de uma agenda geopolítica mais ampla, e referiu que "não só reflete os motivos sinistros do regime sionista, como também provoca um ressentimento generalizado entre os muçulmanos e aumenta a instabilidade regional".
Para o grupo extremista afegão, qualquer expulsão forçada de habitantes do enclave palestiniano constituiria uma "flagrante violação do direito internacional".
Nesse sentido, apela à comunidade internacional para que tome medidas decisivas para o evitar.
Trump propôs na terça-feira, em conferência de imprensa em Washington com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, "assumir o controlo" da Faixa de Gaza e reconstruí-la, transformando-a na nova "Riviera do Médio Oriente", depois de realojar definitivamente os palestinianos nos países vizinhos, que já rejeitaram esta ideia.
O Presidente norte-americano disse ainda que os residentes da Faixa de Gaza "ficariam felizes" por sair se tivessem a oportunidade de o fazer num "lugar agradável com fronteiras agradáveis".
A retirada das tropas norte-americanas de Cabul, que abriu caminho à chegada dos talibãs ao poder em agosto de 2021, foi acordada durante a última administração Trump, embora tenha ocorrido no mandato seguinte, do democrata Joe Biden, na Casa Branca.
Na terça-feira, Trump recebeu Netanyahu e ambos discutiriam as próximas fases do acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo islamita Hamas, que, em 19 de fevereiro, suspendeu os combates no enclave ao fim de mais de 15 meses de guerra,
A primeira fase do acordo dura seis semanas e deverá permitir a libertação de 33 reféns em troca de mais de 1.900 palestinianos detidos por Israel e o reforço da ajuda humanitária ao território.
A segunda fase, que começou a ser negociada esta semana, tem como objetivo a libertação dos últimos reféns e o fim definitivo das hostilidades.
Uma terceira fase, ainda incerta, deverá definir os termos da reconstrução da Faixa de Gaza e da sua governação no futuro.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas em Israel em 07 de outubro de 2023, que fez cerca de 1.200 mortos e 250 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala, que provocou mais de 47 mil mortos, na maioria civis, e a destruição da maioria das infraestruturas do enclave, segundo as autoridades locais, controladas pelo Hamas desde 2007.
O conflito também provocou cerca de 1,9 milhões de deslocados, de acordo com a ONU.
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