"Numa altura em que surgem ameaças à nossa soberania nacional, em que o espírito intervencionista bate às portas da nossa pátria, é tempo de recordar a história e a nossa grandeza", disse a Presidente, num discurso que assinalou o aniversário da promulgação da Constituição de 1917.
Sheinbaum não se referiu especificamente a Donald Trump, que no sábado impôs tarifas de 25% sobre as exportações do México para os Estados Unidos por considerar que as autoridades mexicanas não estão a fazer o suficiente para combater o tráfico de droga e a migração ilegal.
O Presidente norte-americano suspendeu a sua ameaça tarifária na segunda-feira, quando ordenou o envio de 10.000 soldados para a fronteira norte para reforçar a luta contra o tráfico de droga, especialmente o fentanil, e o contrabando de migrantes sem documentos.
No seu discurso em Querétaro (centro do México), Sheinbaum reiterou que o seu governo está disposto a colaborar e cooperar, mas nunca com "submissão" ou "subordinação".
Em comunicado, o novo Secretário de Estado, Marco Rubio, agradeceu ao México o envio de 10.000 forças de segurança ao longo da fronteira para combater o tráfico de droga.
Na sequência de um telefonema, o Secretário de Estado e o seu homólogo mexicano Ramon de la Fuente expressaram "um compromisso mútuo de trabalhar em conjunto como vizinhos e parceiros", afirmou o Departamento de Estado no seu comunicado de imprensa.
As tarifas são uma preocupação para o México, pois é o maior parceiro comercial dos Estados Unidos, com as exportações para aquele país avaliadas em 490,183 mil milhões de dólares (cerca de 485 mil milhões de euros) em 2023, quase 30% do produto interno bruto (PIB) do México, de acordo com um relatório do Instituto Mexicano de Competitividade (IMCO).
O México é o maior parceiro comercial dos Estados Unidos, absorvendo mais de 80% das exportações norte-americanas.
O decreto presidencial de Trump determina a imposição de tarifas de 10% à China, de 25% ao México e de 25% ao Canadá, exceto no petróleo canadiano, que terá tarifa de 10%.
De acordo com a Casa Branca, a ordem também inclui um mecanismo para aumentar as taxas aduaneiras em caso de retaliação destes países - os três principais parceiros comerciais dos Estados Unidos e que no total representam mais de 40% das importações do país.
Pequim ripostou na terça-feira com a aplicação de taxas de 15% sobre o carvão e o gás natural liquefeito (GNL) e de 10% sobre o petróleo e o equipamento agrícola provenientes dos Estados Unidos.
"A imposição unilateral de direitos aduaneiros por parte dos Estados Unidos viola gravemente as regras da Organização Mundial do Comércio", declarou o Ministério das Finanças chinês num comunicado.
"Não só é inútil para resolver os seus próprios problemas, como também prejudica a cooperação económica e comercial normal entre a China e os Estados Unidos", acrescentou o Governo chinês.
As medidas da China foram tomadas quase imediatamente após a aplicação das tarifas norte-americanas.
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