MSF denuncia aumento israelita de "violência extrema" na Cisjordânia

A organização internacional médico-humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou hoje o aumento da "violência física extrema" de colonos e tropas israelitas contra palestinianos na Cisjordânia e da obstrução à prestação de cuidados de saúde naquele território palestiniano.

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© Issam Rimawi/Anadolu via Getty Images

Lusa
06/02/2025 06:35 ‧ há 2 horas por Lusa

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Médio Oriente

Num relatório hoje divulgado, intitulado "Infligir danos e negar cuidados - Padrões de ataque e obstrução a cuidados de saúde na Cisjordânia", a MSF sublinha que a escalada de violência na Cisjordânia -- desde que Israel declarou guerra contra o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza, a 07 de outubro de 2023 -- "tem dificultado gravemente o acesso aos cuidados de saúde e faz parte de um padrão de opressão sistémica por parte de Israel, que foi descrito pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) como correspondendo a segregação racial e 'apartheid'".

 

Segundo a organização, no total, pelo menos 870 palestinianos foram mortos e mais de 7.100 ficaram feridos entre outubro de 2023 e janeiro de 2025, tendo-se a violência israelita contra palestinianos e os ataques e obstrução a cuidados de saúde intensificado mais ainda desde que entrou em vigor o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, a 19 de janeiro, agravando "as terríveis condições de vida de muitos palestinianos, que estão a pagar um elevado preço físico e psicológico".

O relatório, que abrange o período de um ano, entre outubro de 2023 e outubro de 2024, assenta em entrevistas a 38 doentes e funcionários da MSF, paramédicos de equipas hospitalares e voluntários apoiados pela MSF, que relatam "longas e violentas incursões militares israelitas e restrições de movimentos mais rígidas, todas as quais prejudicaram gravemente o acesso a serviços essenciais, particularmente cuidados de saúde".

"Os doentes palestinianos estão a morrer, porque simplesmente não conseguem chegar aos hospitais", afirmou o coordenador de emergência da MSF, Brice de le Vingne, citado no relatório.

"Estamos a assistir a ambulâncias bloqueadas pelas forças israelitas nos postos de controlo enquanto transportam doentes em estado crítico, instalações médicas cercadas e invadidas durante cirurgias e profissionais de saúde alvos de violência física enquanto tentam salvar vidas", descreveu.

Um número crescente de ataques contra profissionais e instalações médicas foi relatado às equipas da MSF, indica o relatório, "incluindo ataques a hospitais e destruição de instalações médicas improvisadas em campos de refugiados, além de perseguição, detenção, ferimentos e morte de socorristas e profissionais médicos pelas forças israelitas".

Entre outubro de 2023 e dezembro de 2024, a Organização Mundial da Saúde (OMS) registou 694 ataques a unidades de saúde na Cisjordânia, com hospitais e instalações de saúde frequentemente cercados por forças militares, expressando os profissionais de saúde um sentimento de insegurança, uma vez que são frequentemente perseguidos, detidos, feridos e mesmo mortos, refere a MSF.

Também a destruição de infraestruturas civis vitais, como estradas, condutas de água e sistemas de abastecimento de energia elétrica tem agravado a situação, "em especial nos campos de refugiados de Tulkarem e Jenin", precisa a organização não-governamental.

"Em zonas remotas e nos arredores de cidades como Jenin ou Nablus, a situação é especialmente grave, uma vez que os doentes com doenças crónicas, como os que necessitam de tratamento de hemodiálise regular, são obrigados a ficar em casa devido aos obstáculos intransponíveis para chegar às unidades de saúde", refere também a MSF.

O documento da MSF vinca ainda que, além das frequentes incursões militares israelitas, "a violência dos colonos e a expansão cada vez maior dos colonatos deixaram muitos palestinianos vulneráveis à violência e com medo de se deslocarem na Cisjordânia", precisando que, no total, 1.500 ataques de colonos israelitas contra palestinianos foram comunicados pelo Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) entre outubro de 2023 e de 2024.

Em suma, a Médicos Sem Fronteiras sublinha que "o sistema de saúde na Cisjordânia está sob imensa pressão e forçado a um estado de emergência perpétuo" e que Israel, "enquanto potência ocupante, tem obrigações jurídicas nos termos do Direito Internacional para garantir o acesso aos cuidados de saúde e proteger os profissionais de saúde", pelo que a organização lhe dirige um apelo "para pôr fim à violência contra profissionais de saúde, doentes e instalações médicas e para cessar de impedir o pessoal médico de realizar missões que salvam vidas".

Leia Também: Israel aumenta a presença e atividade militar na Cisjordânia após ataque

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