"Os comentários de Trump sobre Washington assumir o controlo de Gaza equivalem a uma declaração aberta de intenção de ocupar o território", disse o grupo islamita palestiniano, que controla o enclave desde 2007, num comunicado.
"Não precisamos de nenhum país para gerir Gaza e recusamo-nos a substituir uma ocupação por outra", acrescentou o Hamas, reafirmando que "Gaza pertence ao seu povo".
No mesmo comunicado, o porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, explicou que o movimento apela à realização de uma cimeira árabe urgente em resposta à proposta do Presidente Trump.
"Pedimos uma cimeira árabe urgente para confrontar o plano de deslocar os palestinianos de Gaza", acrescentou Qassem, pedindo aos "países árabes que resistam à pressão de Trump e se mantenham firmes".
O porta-voz do Hamas pediu ainda às "organizações internacionais para que tomem medidas enérgicas contra o plano de Trump".
O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, ordenou entretanto que o exército preparasse um plano para permitir que os palestinianos deixassem a Faixa de Gaza.
"O povo de Gaza deve poder usufruir de liberdade de movimento e de emigração, como é habitual em todo o mundo", afirmou Katz num comunicado.
Os cerca de 2,4 milhões de palestinianos da Faixa de Gaza não podem atualmente abandonar o território, sitiado por Israel e em grande parte destruído pela ofensiva israelita contra o Hamas, desencadeada pelo ataque do movimento islamita palestiniano em solo israelita em 07 de outubro de 2023.
Após 15 meses de guerra, um acordo de cessar-fogo entrou em vigor em 19 de janeiro.
Na terça-feira, Trump lançou a ideia de uma tomada do controlo da Faixa de Gaza pelos Estados Unidos e voltou a sugerir que a população do enclave poderia ser transferida para os vizinhos Egito e Jordânia - que rejeitaram categoricamente esta opção - após uma reunião em Washington com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
A proposta de Trump foi condenada pelos palestinianos, por muitos países do Médio Oriente e pela comunidade internacional.
A administração norte-americana tentou emendar a sua posição, com o secretário de Estado, Marco Rubio, a dizer que qualquer transferência de habitantes de Gaza seria temporária.
Contudo, já hoje, Donald Trump insistiu na ideia de que a Faixa de Gaza será "entregue aos Estados Unidos por Israel no fim dos combates", acrescentando que os palestinianos "já teriam sido reinstalados (...) na região".
Para o efeito, garantiu ainda, "não serão necessários soldados americanos".
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