Alemanha. Continuidade do apoio à Ucrânia junta partidos do centro

O apoio da Alemanha à Ucrânia divide os candidatos às eleições legislativas do próximo domingo, com os partidos do centro a quererem manter a ajuda, mas sem concordarem como fazê-lo, enquanto os extremos rejeitam apoios a Kyiv.

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© Kay Nietfeld-Pool/Getty Images

Lusa
17/02/2025 14:58 ‧ há 3 dias por Lusa

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Alemanha/Eleições

O debate pré-eleitoral tem estado mais dominado pelas propostas para dificultar a imigração ilegal, mas a guerra no Leste da Europa pode voltar agora a ganhar protagonismo, quando se aproxima o terceiro aniversário (24 de fevereiro) e face à iniciativa do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de iniciar conversações com a Rússia e a Ucrânia, deixando a Europa à margem.

 

A invasão da Ucrânia pela Rússia teve um forte impacto económico na Alemanha, fazendo disparar os preços do gás natural em mais de 35%.

Num debate com os principais candidatos a chanceler, transmitido pelos canais RTL e NTV no domingo à noite, ficou clara a divisão entre partidos do centro -- SPD, CDU e Verdes - e a Alternativa para a Direita (AfD, extrema-direita), em segundo lugar nas sondagens, sobre o apoio da Alemanha, o segundo maior fornecedor de ajuda à Ucrânia, a seguir aos Estados Unidos.

O líder da União Democrata-Cristã (CDU), Friedrich Merz, favorito nas sondagens, declarou: "Não somos neutros. Estamos do lado da Ucrânia, defendemos a ordem política que temos".

Antes, a candidata da AfD, Alice Weidel, tinha considerado que Berlim não é vista como neutra pela Rússia por causa das entregas de armas a Kiev.

Weidel elogiou as iniciativas de Trump e, quando questionada sobre o seu relacionamento com Moscovo, disse: "Temos amigos no Ocidente e no Oriente".

O chanceler Olaf Scholz (Partido Social-Democrata, SPD, terceiro nas sondagens) insistiu na necessidade de uma reforma do travão da dívida, não apenas para equipar melhor as Forças Armadas alemãs, mas também para ajudar a financiar o exército ucraniano no futuro.

"Isso também deve ser dito aos cidadãos antes das eleições", sublinhou.

O candidato dos Verde a chanceler, Robert Habeck, atual vice-chanceler e ministro da Economia na coligação governamental com o SPD, destacou que os partidos centristas concordam sobre a política para a Ucrânia e que a discussão se refere mais sobre os meios de ajuda para Kiev, enquanto acusou a AfD de ser muito próxima da Rússia.

A CDU faz finca-pé no travão da dívida, o que dificultará o investimento no exército, mas os conservadores estão dispostos a aliviar esta regra, em troca de consensos sobre a política de migração. Já os Verdes, que disputam com o SPD o terceiro lugar nas sondagens, têm uma posição tradicionalmente pacifista, contraditório com o ambicioso apelo de Habeck de gastar pelo menos 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) na defesa.

Fora do debate esteve a candidata populista de esquerda, Sahra Wagenknecht, que criou há um ano um partido com o seu nome (Aliança Sahra Wagenknecht, BSW), e que tem na Ucrânia uma das principais bandeiras.

A líder do BSW é contra a entrega de armas à Ucrânia e quer a paz o mais depressa possível, mesmo que as negociações favoreçam o Presidente russo, Vladimir Putin.

Nas eleições regionais do ano passado, o BSW conseguiu um lugar nos governos estaduais da Turíngia e de Brandeburgo, mas as sondagens apontam agora para um resultado entre 4% e 6% dos votos, no limiar dos 5% mínimos para entrar para o Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão).

A Alemanha é o maior fornecedor europeu de ajuda à Ucrânia, em termos absolutos, mas em percentagem do PIB é apenas o 14.º entre os países europeus. Para alcançar o limite de 2% definido pela NATO, Berlim precisa de recorrer a um "fundo especial" de 100 milhões de euros.

Desde o início da guerra, Berlim forneceu uma ajuda bilateral de 34 mil milhões de euros, através de apoio humanitário, pagamentos diretos ou em armas, sendo o segundo maior país doador, a seguir aos Estados Unidos.

Os líderes de oito países europeus, os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia e o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, participam hoje numa reunião promovida pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a Ucrânia e segurança na Europa, quando a administração norte-americana tenta rapidamente mediar o fim dos combates.

A pressão do Presidente dos Estados Unidos para um fim rápido para a guerra da Ucrânia já gerou preocupação na União Europeia, com a diplomacia comunitária a salientar não ser possível chegar a um acordo sem europeus ou ucranianos e a defender um lugar na mesa de negociações.

A Alemanha realiza em 23 de fevereiro eleições legislativas antecipadas - estavam previstas para 28 de setembro -, na sequência da queda da coligação governamental liderada por Olaf Scholz e composta pelo SPD (social-democrata), pelos liberais do FDP e pelos Verdes.

Leia Também: Refugiados sírios na Alemanha recusam regressar ao seu país

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