O ex-jogador de râguebi argentino Eduardo "Coco" Oderigo pôs muitos dos reclusos das prisões argentinas a praticar o desporto e conseguiu que se registasse uma redução significativa na taxa de reincidência de crimes.
Entre os presos que praticam o desporto, a taxa de reincidência desceu para 5%. Um valor bem abaixo da média do sistema prisional argentino, que é de 65%.
O mais difícil foi convencer os céticos diretores das prisões de que os criminosos poderiam deixar o crime praticando um jogo de contacto físico, mas resultou.
"Na realidade, não é apenas a taxa de reincidência que cai para 5%, mas há também um número incontável de pessoas que não se tornam vítimas quando estas pessoas são libertadas", afirmou Eduardo "Coco" Oderigo à agência Reuters.
O resultado da iniciativa já serviu de inspiração para "Spartans: A True Story", uma série da Disney+, que estreia na quarta-feira, com referência ao nome da primeira equipa prisional que Oderigo criou, os Espartanos.
O primeiro jogo entre reclusos aconteceu há 16 anos, em San Martin, nos arredores de Buenos Aires. Atualmente o râguebi é praticado em 44 prisões da Argentina.
Além de treinar os reclusos, Oderigo também ajuda os presos a encontrarem ferramentas de educação e potenciais empregos.
"Na prisão, todos os obstáculos estão presentes desde a primeira porta fechada. A verdade é que eu tinha algo que me apaixonava, que era o desporto", contou o ex-jogador de râguebi.
Eduardo "Coco" Oderigo também fundou uma equipa feminina de râguebi prisional e, mais tarde, a Fundação Espartanos. Descobriu que a agressividade controlada nas equipas ajudavam a reduzir os níveis de violência nas prisões após os jogos e os prisioneiros a reintegrarem-se na sociedade.
A equipa Espartanos já recebeu visitas das equipas de râguebi do Reino Unido e da Nova Zelândia, que quiseram conhecer o projeto. A seleção dos All Blacks até fez a tradicional "haka" na prisão, a dança que costumam fazer antes de cada jogo.
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