"O objetivo é reunir os pontos de vista e as opiniões de todos estes países sobre a gravidade da situação e a urgência da ação", afirmou a porta-voz do Governo francês, Sophie Primas, na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros.
Sophie Primas considerou "pouco compreensíveis" as declarações do Presidente norte-americano, Donald Trump, na terça-feira, em que questionou a legitimidade do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e enquadrou-as no contexto de outras que tem vindo a fazer nos últimos dias, sem consultar a França ou outros países europeus.
"Devemos continuar a trabalhar com os países da União Europeia para afirmar a nossa soberania, para definir a nossa força", disse a porta-voz governamental, justificando que "a fraqueza leva ao conflito e a força leva à resolução e à paz".
Segundo Sophie Primas, nas relações de força com os Estados Unidos, a UE tem de "demonstrar a força europeia".
Primas insistiu que Macron quer transmitir a mensagem de que "a Europa deve mobilizar-se" em torno da sua defesa na reunião informal de hoje por videoconferência, que contará com a presença de mais países europeus, incluindo Portugal, mas também de outros países da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental), nomeadamente o Canadá.
A porta-voz francesa reiterou que "não haverá paz sem os ucranianos", que devem ser os únicos a decidir quando se sentarão à mesa das negociações, e que, entretanto, a prioridade dos franceses "é dar-lhes os meios para abordarem as negociações numa posição de força".
"Não queremos uma paz ditada", nem um cessar-fogo sem garantias, porque a experiência mostra que os acordos de Minsk, celebrados há uma década entre Kiev e Moscovo, "foram violados em várias ocasiões pela Rússia", acrescentou.
Por essa razão, para Sophie Primas, a posição francesa é de que "qualquer paz deve ser acompanhada de sólidas garantias de segurança" que terão de ser fornecidas "no todo ou em parte pela União Europeia" e aliados.
"Embora os americanos continuem, obviamente, a ser nossos aliados, não devemos continuar a depender deles para a nossa segurança", alertou a porta-voz francesa, o que significa que os europeus devem aumentar as suas despesas com a defesa.
Relativamente à proposta da Comissão Europeia de flexibilização das regras orçamentais, Sophie Primas caracterizou-a como "um passo positivo", frisando porém que "não é suficiente".
Por isso, a França defende a emissão de dívida comum pela UE para fazer investimentos conjuntos e apoiar a sua própria indústria militar com uma preferência europeia para a compra de material e equipamento.
Na segunda-feira ocorreu a primeira reunião informal sobre segurança e a Ucrânia no Palácio do Eliseu, em Paris, com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, e os chefes de Governo de sete países europeus: Alemanha, Polónia, Espanha, Itália, Dinamarca, Países Baixos e Reino Unido.
A iniciativa do Presidente francês realizou-se um dia antes de duas delegações dos Estados Unidos e da Rússia, lideradas pelos respetivos responsáveis da diplomacia, Marco Rubio e Serguei Lavrov, iniciarem oficialmente as negociações para pôr fim à guerra em Riade, na Arábia Saudita, deixando de fora da mesa os países europeus e a Ucrânia.
O plano dos Estados Unidos prevê que a Ucrânia desista de aderir à NATO e aceite a anexação de parte dos territórios ocupados pela Rússia, desde o início do conflito em 24 de fevereiro de 2022.
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