De acordo com o estudo, publicado na revista científica Nature, entre 2000 e 2023 os glaciares perderam em média por ano 273 mil milhões de toneladas de gelo.
"Os 273 mil milhões de toneladas de gelo perdidos anualmente equivalem ao que toda a população mundial consome em 30 anos, assumindo três litros [de água] por pessoa e por dia", assinala um dos coautores do estudo, o glaciologista Michael Zemp, da Universidade de Zurique, na Suíça, citado em comunicado pela Agência Espacial Europeia (ESA), que apoiou financeiramente o projeto sob o qual foi desenvolvido o estudo.
Ao todo, segundo a investigação, em 23 anos os glaciares perderam 6.542 mil milhões de toneladas de gelo, contribuindo para a subida do nível global do mar em 18 milímetros.
Em média, no referido período, os glaciares perderam 273 mil milhões de toneladas de gelo por ano, o correspondente a um aumento anual do nível do mar de 0,75 milímetros.
A taxa de perda de gelo aumentou 36% nos últimos 10 anos do período em análise, de 231 mil milhões de toneladas por ano, entre 2000 e 2011, para 314 mil milhões de toneladas por ano, de 2012 a 2023.
Em 2000, os glaciares -- excluindo as camadas de gelo continentais da Gronelândia e da Antártida -- cobriam 705.221 quilómetros quadrados e continham cerca de 121.728 mil milhões de toneladas de gelo.
Nas últimas duas décadas, os glaciares perderam aproximadamente 5% do seu volume total, sendo que as perdas variam entre 2% nas Ilhas Antárticas e Subantárticas e 39% na Europa Central.
Segundo os autores do estudo, a perda de massa de gelo dos glaciares entre 2000 e 2023 foi 18% superior à da camada de gelo da Gronelândia e mais do dobro da da camada de gelo da Antártida.
Os glaciares são considerados o segundo maior contribuinte para o aumento global do nível do mar, a seguir à expansão térmica relacionada com o aquecimento dos oceanos.
Quase um quarto da contribuição dos glaciares para o aumento do nível do mar tem origem no Alasca, nos Estados Unidos.
O degelo dos glaciares representa, ainda, uma perda significativa dos recursos de água doce.
O estudo hoje divulgado foi realizado no âmbito do projeto Glambie, coordenado pelo Serviço Mundial de Monitorização dos Glaciares, sediado na Universidade de Zurique, na Suíça, em colaboração com a Universidade de Edimburgo e a empresa Earthwave, ambas no Reino Unido, para gerar uma estimativa da perda de massa de gelo dos glaciares a nível global, com base na compilação, padronização e análise de diferentes dados de medições de campo e de missões de observação de satélite.
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