Os manifestantes levaram para o local, a cerca de cem metros da sede da AfD, no norte de Berlim, um autocarro. Segundo a polícia, cerca de 80 manifestantes estavam no local.
Às 18h00 locais (menos uma hora em Lisboa), quando foram conhecidas as primeiras projeções, o autocarro começou a emitir um sinal sonoro, que se prolongou por mais de 10 minutos, e que foi interrompido pela intervenção da polícia, que quebrou o vidro para invadir a viatura e fez três detenções.
A polícia vedou todos os acessos à sede da AfD. Dezenas de viaturas policiais estavam no local, bem como várias dezenas de agentes - a polícia escusou-se a indicar o número de polícias envolvidos.
A intervenção da polícia foi acompanhada por gritos dos manifestantes, que diziam "A polícia protege os fascistas".
Segundo um porta-voz da polícia, a ação teve como objetivo parar o som ensurdecedor.
"Os manifestantes não podem voltar a usar este autocarro até às 06:00 de amanhã [segunda-feira]", adiantou o porta-voz à Lusa.
O autocarro tem o nome 'Adenauer SRP+' e pertence ao coletivo de artistas Centro para a Beleza Política, uma organização que "luta pela democracia". O nome refere-se ao antigo chanceler Konrad Adenauer, que proibiu o Partido Socialista do Reich (SRP, nacional-socialista), fundado em 1949.
Uve, 59 anos, membro desta organização, explicou à Lusa que defendem a extinção da AfD.
"Dentro do autocarro há mais de 2.000 provas, como declarações nazis, que justificam por que a AfD deve ser proibida", disse.
O 'Adenauer SRP+' está desde o início de janeiro a percorrer a Alemanha.
"Já tivemos muitos problemas com a polícia.
O autocarro chegou a estar retido pela polícia durante 10 dias", comentou Uve.
Durante o protesto, os manifestantes exibiam bandeiras com palavras de ordem contra a AfD.
Quando foram conhecidas as projeções, muitos saudaram o resultado do partido A Esquerda, que subiu para os 9%.
"Quero todas as pessoas na Alemanha, não apenas dos 'alemães bons'. Cada ser humano é um ser humano", comentou Andrea, 54 anos.
A AfD tem uma posição anti-imigração e a sua co-líder e candidata a chanceler, Alice Weiser, defende o polémico conceito de "remigração".
"Tenho medo de uma grande coligação entre a CDU [União Democrata-Cristã, em primeiro lugar nas projeções] e a AfD", lamentou a mulher.
O candidato conservador Friedrich Merz tem garantido que não fará acordos com a AfD, impondo o 'cordão sanitário' contra a extrema-direita defendido pelos partidos tradicionais.
Anna, 25 anos, afirmou à Lusa estar na manifestação para lutar pelo seu futuro.
"Também quero erguer a minha voz por aqueles que não se podem defender, como os refugiados. Não está certo mandar toda a gente embora", acrescentou.
"Queremos mostrar que somos mais do que eles", comentou a jovem.
A AfD, sustentou, nega as mudanças climáticas e "só quer saber dos ricos".
Perto dos manifestantes, um pequeno grupo de jovens exibia uma bandeira da Alemanha, protegidos pela polícia.
"Estou aqui para dizer que não é ilegal mostrar a bandeira da Alemanha. Hoje em dia, se dizemos que temos orgulho e amamos a Alemanha, chamam-nos nazis", afirmou à Lusa Max, 24 anos, que não quis revelar se votou na AfD.
[Notícia atualizada às 18h47]
Leia Também: Conservadores vencem, AfD em segundo com votação recorde, dizem projeções