A professora de ioga que foi esfaqueada em julho do ano passado, no ataque com faca durante uma aula de dança que tinha Taylor Swift como tema, em Southport, no Reino Unido, falou pela primeira vez sobre o que aconteceu.
Em declarações ao programa 'Panorama' da BBC, Leanne Lucas afirmou que "sabia que se não saísse, todos iriam morrer", após ter sido esfaqueada cinco vezes por Axel Rudakubana.
"É chocante a quantidade de informação que tinham sobre ele, como ele escapou da rede", reitera a professora.
O evento de dança esgotou em apenas uma semana, com 25 raparigas menores a participar na aula - a mais nova com cinco anos.
Com a aula a chegar ao fim, Leanne reuniu todas as crianças num círculo para dizerem “como se estavam a sentir e uma das meninas disse: 'Este é o melhor dia da minha vida'”, citou a professora.
No outro ponto do espaço, chegava de táxi o atacante de Southport, de 18 anos, que usava um casaco com capuz verde e uma máscara cirúrgica a tapar a boca.
Leanne viu o agressor brevemente pela janela, mas não sabia quem era – ou se representava uma ameaça. Sem dar por isso, Rudakubana conseguiu entrar na sala.
"Ele abriu a porta e agarrou numa criança. Eu não sabia o que ele estava a fazer. Eu não vi nada. Então ele agarrou na próxima criança e na próxima. E aí eu gritei: 'Quem é ele?'", partilhou na entrevista.
A professora de ioga apontou ainda que "viu-o a esfaquear uma criança à minha frente. E depois vi a faca a vir na minha direção e ele também" e acrescentou que "foi aí que a vi entrar no meu braço. Nessa altura virei-me e ele deve ter-me atingido nas costas, mas não senti na altura, por causa da adrenalina".
Leanne sofreu cinco facadas - na espinha, na cabeça, nas costelas, no pulmão e na omoplata. Mesmo assim, conseguiu fugir e resgatar várias meninas da sala assim como contactar as autoridades.
Axel Rudakubana foi condenado a prisão perpétua com uma pena mínima de 52 anos, pela morte das três crianças, a 29 de julho do ano passado.
A sentença foi conhecida a 23 de janeiro, no Tribunal de Justiça de Liverpool. O arguido foi condenado a várias sentenças de prisão perpétua com penas mínimas de 18 anos por oito acusações de tentativa de homicídio de crianças e 16 anos para os dois adultos.
Rudakubana nasceu em Cardiff, no País de Gales, filho de pais cristãos do Ruanda, e os investigadores ainda não conseguiram determinar o motivo por detrás do ataque. A polícia encontrou nos seus dispositivos documentos sobre temas como a Alemanha nazi, o genocídio no Ruanda e carros armadilhados.
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