O antigo chefe da guarda presidencial, que chegou ao poder na sequência do golpe de Estado de 30 de agosto de 2023 que pôs fim à dinastia Bongo, e que se tornou presidente do governo de transição, ainda não declarou oficialmente a sua candidatura às eleições presidenciais de 12 de abril, mas já fez várias declarações implícitas sobre a sua intenção de se candidatar a um mandato de sete anos.
No sábado, o seu homólogo equato-guineense, no poder há 45 anos, manifestou-lhe forte apoio durante a cerimónia de ligação da rede elétrica do seu país ao Gabão, no âmbito de um acordo de fornecimento de 10 megawatts ao país vizinho para compensar a insuficiência da sua rede elétrica, que provoca frequentes cortes de energia e descontentamento popular.
Na sua intervenção, Obiang, um ditador que é o decano dos líderes africanos, disse querer dirigir-se expressamente aos seus "irmãos do Gabão" e pediu-lhes para serem "sensatos".
"Sejam sábios! (....) Se querem que tudo vos corra bem, este é o vosso líder. Ele é vosso (...). Não deem ouvidos aos que falam em vão, porque aqueles que querem criar o caos não estão do lado de África", disse o Presidente Obiang num discurso em língua fang e divulgado hoje através da rede social Tiktok.
"Não se oponham sistematicamente a tudo e a qualquer coisa", acrescentou o líder equato-guineense que estabeleceu uma férrea ditadura no seu país e que aos 82 anos detém o recorde mundial de longevidade no poder -- não considerando as monarquias.
A Guiné Equatorial é governada desde a década de 1970 por Teodoro Obiang Nguema, acusado da prática recorrente de corrupção e de várias violações de direitos humanos, e integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014.
"Todo o poder vem de Deus. Como é que Deus estabelece um líder e algumas pessoas dizem que não o aceitam? Isso é normal? Julguem vocês. Eu só estou a aconselhar", acrescentou no seu discurso, proferido na presença de um sorridente general Oligui.
Em resposta, o general Oligui exprimiu a sua "profunda gratidão" pelos "seus sábios conselhos e apoio constante desde o início da transição no Gabão".
O prazo legal para a apresentação de candidaturas às eleições presidenciais de 12 de abril no Gabão, que se inscrevem no programa de regresso à ordem constitucional após o período de transição, começa na quinta-feira em Libreville.
Até à data, nenhum candidato declarou abertamente a sua candidatura.
A campanha eleitoral decorre de 29 de março até à meia-noite de 11 de abril.
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