Trump e Macron falavam na Casa Branca em conferência de imprensa após um encontro bilateral no dia em que se assinalam três anos sobre o início da invasão russa, e enquanto decorrem contactos diretos entre Washington e Moscovo sobre um acordo de paz na Ucrânia, excluindo o bloco europeu e Kyiv.
"A minha administração está a romper completamente com os valores de política externa da administração anterior e, francamente, do passado. Fiz campanha contra um regime de política externa muito estúpido", disse o Presidente dos EUA.
Assumindo estar a trabalhar em "acordos e transações agora", sublinhou que "o mais importante é acabar com a guerra", mesmo se apenas com um cessar-fogo inicialmente.
"Gostava de ir diretamente para um acordo [de paz], mas o cessar-fogo acontece sempre um pouco antes", afirmou Trump.
No âmbito das negociações, sublinhou que planeia reunir-se com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Washington esta semana ou na próxima, para fechar "muito em breve" um acordo sobre a transferência de recursos naturais em troca de ajuda militar.
Macron admitiu que Trump tinha "boas razões" para renovar o diálogo com Vladimir Putin, enquanto apelou ao "apoio americano" no caso de envio de soldados europeus para a Ucrânia.
"Há boas razões para o Presidente Trump retomar o diálogo com o Presidente Putin", disse Macron.
O Presidente francês enfatizou que alcançar a paz não deve significar a "rendição" da Ucrânia, mas sim permitir a soberania daquele país invadido pela Rússia em fevereiro de 2022.
"Esta paz não deve significar uma rendição da Ucrânia. Não deve significar um cessar-fogo sem garantias. Deve permitir a soberania ucraniana e permitir-lhe negociar com outras partes interessadas sobre as questões que a afetam", sublinhou.
Na última semana, Trump adotou uma postura conciliatória em relação à Rússia e crítica em relação à Ucrânia e em particular ao seu Presidente, Volodymyr Zelensky.
Horas antes do encontro, os Estados Unidos votaram ao lado da Rússia e de aliados deste país como a Bielorrússia, contra uma resolução não vinculativa da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) exigindo o fim das hostilidades na Ucrânia e reafirmando a soberania, independência, unidade e integridade territorial ucraniana.
A resolução em causa, apresentada pela Ucrânia e pela União Europeia, foi ainda assim aprovada com 93 votos a favor, 18 contra e 65 abstenções.
O texto europeu, que contou com o voto a favor de Portugal, reitera a exigência para que a Rússia retire imediata, completa e incondicionalmente todas as suas forças militares da Ucrânia e pede uma resolução pacífica para a guerra na Ucrânia.
Antes do encontro com Macron, o Presidente norte-americano mostrou-se confiante de que o conflito na Ucrânia pode terminar "dentro de semanas" e disse estar convencido de que Putin aceitará a presença de forças militares europeias na Ucrânia, no âmbito de um eventual acordo de paz.
Macron assumiu o objetivo de "um acordo rápido, mas não um acordo frágil".
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kyiv têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
A Rússia tem rejeitado negociar enquanto as forças ucranianas controlem a região russa de Kursk, parcialmente ocupada em agosto de 2024.
[Notícia atualizada às 22h25]
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