Turista alemão detido na República Checa por ter fugido da ditadura

Um turista alemão que fugiu da República Democrática Alemã (RDA) em 1984 através da Checoslováquia foi detido na República Checa por ainda ter o nome na lista de pessoas indesejáveis, noticiou hoje a imprensa checa.

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Lusa
28/02/2025 17:17 ‧ há 3 horas por Lusa

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República Checa

Apesar de já não existirem nem a Checoslováquia nem a RDA, e de a República Checa ser agora uma democracia integrada na União Europeia (UE), o nome do alemão ainda consta da chamada lista ENO 41 anos depois.

 

O alemão, que estava de férias com a mulher e os filhos no norte da República Checa, foi detido na semana passada quando tomava o pequeno-almoço no hotel onde estavam hospedados por ter o nome na 'lista negra', segundo a imprensa checa.

O homem, originário da RDA, fugiu para o Ocidente em 1984, enquanto passava algum tempo num campo socialista na então Checoslováquia, outro membro do Bloco de Leste dominado pelos soviéticos, segundo a agência alemã DPA.

Mas um tribunal da cidade de Ceske Budejovice colocou o nome do fugitivo numa lista de pessoas indesejáveis após a fuga, há mais de 40 anos, e nada mudou desde então.

O alemão foi libertado com a condição de abandonar a República Checa no prazo de 48 horas.

A notícia chamou a atenção para a ENO e para o facto de o número exato de estrangeiros registados não ser público.

Embora existam poucos casos relacionados com a ditadura comunista da Checoslováquia, o Ministério do Interior checo recusa-se a fornecer qualquer informação, segundo a agência espanhola EFE.

Em 1990, a República Checa aprovou uma lei de reabilitação que prescreve os crimes políticos relacionados com a ditadura comunista.

Um dos problemas é que nem todos os estrangeiros inscritos na lista negra são automaticamente inseridos no Sistema de Informação Schengen, o que teria permitido detetar o anacronismo a tempo.

Em vez de retirar o nome do alemão da lista, a polícia checa apelou ao cidadão para que tomasse ativamente medidas legais para limpar o seu registo criminal na atual República Checa.

"Não conhecemos a razão e estamos a agir em conformidade com a lei", declarou uma porta-voz da polícia, citada pela EFE.

"Se existirem razões objetivas, o estrangeiro tem também o direito de requerer uma revisão judicial, na qual o tribunal pode decidir sobre a reconsideração e a retirada do registo ENO", acrescentou a fonte.

Durante a Guerra Fria, a RDA dificultou a saída dos cidadãos do país, tendo destacado uma notória polícia secreta interna e uma fronteira fortemente fortificada para impedir as fugas, de acordo com a DPA.

Dezenas de pessoas foram mortas ao tentarem fugir para a Alemanha Ocidental, quer através do Muro de Berlim, quer ao longo da fronteira que dividia a Alemanha Ocidental, alinhada com a NATO, da Alemanha Oriental, alinhada com a União Soviética.

Muitos alemães da RDA tentaram escapar, primeiro viajando para outros países do Bloco de Leste, especialmente a Checoslováquia e a Hungria, e depois tentando dirigir-se para ocidente.

A ditadura checoslovaca terminou em 1989 e o país deixou de existir em 1992, quando se dividiu na atual Eslováquia e na República Checa, ambas membros da UE e da NATO, a Organização do Tratado do Atlântico Norte.

A queda do Muro de Berlim em 1989, que antecedeu a dissolução da União Soviética dois anos depois, permitiu a reunificação da Alemanha.

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