"O Financiamento adicional é essencial para sustentar a resposta e permitir o reabastecimento de todos os canais humanitários", refere-se no mais recente relatório da OIM, a que a Lusa teve hoje acesso.
Os ciclones Chido e Dikeledi atingiram a região norte de Moçambique entre dezembro do ano passado e janeiro, com maior impacto para as províncias de Cabo Delgado e Nampula, causando mortes e danos materiais com destruição de infraestruturas públicas e privadas.
Segundo aquela agência das Nações unidas para as migrações, dos 12,1 milhões de dólares (11,1 milhões de euros) necessários para a resposta humanitária nas províncias de Nampula, Niassa e Cabo Delgado, afetadas pelos ciclones, apenas 5,2 milhões de dólares (4,7 milhões de euros) foram disponibilizados.
"As comunidades precisam urgentemente de água potável, medicamentos, saneamento e instalações de higiene para prevenir doenças transmitidas pela água, bem como abrigo e kits de reparo para reconstruir suas casas", explicou.
De acordo a OIM, como parte do apoio inicial de "emergência" às comunidades afetadas, mais de 35.000 pessoas receberam kits de abrigo e itens não alimentares, desde 15 de dezembro.
"Estes kits incluíam itens essenciais tais como conjuntos de cozinha, redes mosquiteiras, colchonetes, lonas e ferramentas de fixação", refere-se no documento.
Além dos ciclones, no relatório, a OIM alertou ainda para o surto de cólera em Nampula, que resultou em "centenas de casos e mortes" e os violentos ataques armados em Cabo Delgado, que fizeram "milhares de pessoas deslocadas internamente".
"A necessidade é imensa e o processo de reconstrução levará tempo. À medida que as operações continuam, o povo de Moçambique permanece resiliente, determinado a reconstruir suas vidas e restaurar um senso de estabilidade", concluiu.
Em 13 de janeiro, o ciclone tropical severo Dikeledi atingiu Moçambique, causando pelo menos 11 mortos e afetando outras 250 mil pessoas, incluindo a destruição de quase 20 mil casas, segundo o mais recente balanço oficial das autoridades moçambicanas.
O ciclone Chido, que atingiu Moçambique em 14 de dezembro, causou a morte de pelo menos 120 pessoas e afetou outras 450 mil.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.
Em fevereiro, o Governo moçambicano anunciou a alocação de 120 milhões de euros para assistência e reabilitação de infraestruturas públicas destruídas na passagem dos ciclones Chido e Dikeledi, no norte do país.
O porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, indicou ainda que o Governo, na primeira fase, vai priorizar "respostas imediatas" face às necessidades nas províncias atingidas, prometendo mobilizar recursos para "intervenções de médio e longo prazos".
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