O caso diz respeito aos eritreus retidos no navio militar 'Diciotti' entre 16 e 25 de agosto de 2018, quando o chefe de governo na altura era Giuseppe Conte, do Movimento 5 Estrelas, e o seu ministro do Interior, Matteo Salvini, líder da Liga anti-imigração.
Na quinta-feira, o Tribunal de Cassação condenou o governo a pagar uma indemnização, mas remeteu o cálculo do montante para o Tribunal de Recurso de Roma.
"O Governo terá de indemnizar as pessoas que tentaram entrar ilegalmente em Itália com o dinheiro de cidadãos italianos honestos que pagam impostos", denunciou Giorgia Meloni na conta pessoal na rede social X.
A primeira-ministra italiana, cuja maioria ultraconservadora está a travar uma batalha contra o poder judicial, que acusa de estar "politizado", observou também que este tipo de decisão é muito "frustrante".
"Numa altura em que não temos recursos suficientes para fazer tudo o que deve ser feito, é muito frustrante" ter de gastar dinheiro neste tipo de compensação, concluiu.
A Liga, de Matteo Salvini, reagiu de forma ainda mais forte.
"É absurdo. Que estes juízes paguem do seu próprio bolso se gostam tanto de imigrantes ilegais", frisou Salvini, atual vice-primeiro-ministro do governo Meloni.
Salvini foi absolvido em dezembro de 2024 num caso semelhante em que foi acusado de sequestrar migrantes no mar em 2019, quando ainda era ministro do Interior.
No que diz respeito ao 'Caso Diciotti', o 'Tribunal de Ministros' (que é responsável por julgar membros do governo por alegados crimes cometidos no exercício das suas funções) quis que Salvini comparecesse na altura, mas o Parlamento recusou levantar a sua imunidade, pelo que nunca se realizou um julgamento.
O próprio Governo de Meloni aprovou uma política muito restritiva em relação às dezenas de milhares de migrantes que todos os anos tentam chegar à Europa atravessando o Mediterrâneo em barcos improvisados.
Segundo o portal do Ministério do Interior italiano, desde 01 de janeiro deste ano chegaram a Itália 7.125 imigrantes, contra 4.895 no mesmo período de 2024.
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