"Escrevi-lhes [às autoridades iranianas] uma carta a dizer: 'Espero que negoceiem, porque se tivermos de intervir militarmente, vai ser uma coisa terrível'", disse Trump ao canal televisivo Fox Business News.
Mais adiante na entrevista, que foi filmada na quinta-feira, acrescentou que tinha enviado a carta "ontem", ou seja, na quarta-feira.
A Casa Branca confirmou as declarações de Trump, numa entrevista que será transmitida na íntegra no domingo, afirmando que o presidente norte-americano enviou uma carta aos líderes do Irão para negociar um acordo nuclear.
"Eu preferia negociar um acordo. Não tenho a certeza de que todos concordem comigo, mas podemos fazer um acordo que seria tão bom como se vencêssemos militarmente", explicou Trump.
"Mas o momento é agora. O momento está a chegar. Alguma coisa vai acontecer, de uma forma ou de outra", acrescentou.
A agência noticiosa estatal iraniana IRNA noticiou as declarações de Trump, citando a emissão televisiva. No entanto, não houve até agora reação do gabinete de Khamenei, de 85 anos, o líder supremo da República Islâmica, que tem a palavra final sobre todos os assuntos de Estado.
Desde que Trump regressou à Casa Branca, o seu Governo tem sempre afirmado que o Irão deve ser impedido de se dotar de armas nucleares.
No entanto, um relatório do mês passado, elaborado pela agência de vigilância nuclear das Nações Unidas, indica que Teerão acelerou a produção de urânio enriquecido quase para níveis usados na produção de armamento.
O primeiro mandato presidencial de Trump (2017-2021) foi marcado por um período particularmente conturbado nas relações com Teerão. Em 2018, retirou unilateralmente os Estados Unidos do acordo nuclear entre o Irão e as potências mundiais, reimpondo a Teerão sanções que prejudicaram a economia, e ordenou a morte do principal general do país.
Nos termos do acordo nuclear original de 2015, o Irão foi autorizado a enriquecer urânio apenas até 3,67% de pureza e a manter uma reserva de 300 quilos de urânio.
A aceleração da produção de urânio para fins militares por parte do Irão coloca mais pressão sobre Trump, que tem repetidamente afirmado estar aberto a negociações com a República Islâmica, ao mesmo tempo que sanciona cada vez mais as vendas de petróleo do Irão, como parte da sua política de "pressão máxima" reimposta.
Num discurso proferido em agosto último, Khamenei abriu a porta a conversações com os Estados Unidos, afirmando "não haver mal nenhum" em dialogar com o "inimigo".
No entanto, mais recentemente, alterou a sua posição, sustentando que negociações com os Estados Unidos "não seriam inteligentes, sensatas ou honrosas", depois de Trump ter proposto conversações nucleares com Teerão.
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