A 01 de dezembro de 2024, o antigo primeiro-ministro português iniciou funções como líder da instituição que junta os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) e escolheu passar esse primeiro dia na capital ucraniana para "transmitir uma mensagem clara" de "apoio total à Ucrânia", disse António Costa.
Nessa deslocação, António Costa salientou a coragem do povo ucraniano e prometeu ao Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, um "futuro comum" na UE, quando o país detém desde meados de 2022 o estatuto de país candidato ao bloco comunitário.
Voltou a Kyiv -- numa segunda visita em dois meses -- a 24 de fevereiro deste ano, marcando o terceiro aniversário da guerra, para garantir que a UE está disponível para "fazer tudo o que for necessário para a sua segurança e para continuar a apoiar a Ucrânia", defendendo mais apoio financeiro e militar.
A propósito desse aniversário, António Costa disse, em declarações escritas à Lusa: "Estamos e continuaremos a estar firmes no apoio total à Ucrânia, parte integrante do projeto europeu para a paz".
Mas se as promessas são semelhantes, o contexto geopolítico não o é: a 20 de janeiro passado, Donald Trump regressou à Casa Branca e, desde então, tem vindo a subir de tom nas críticas à Ucrânia, tendo já discutido com Volodymyr Zelensky, interrompido a ajuda ao país e exigido um acordo sobre as matérias-primas críticas do país.
Numa cimeira europeia extraordinária em Bruxelas, em que participou na quinta-feira, Volodymyr Zelensky agradeceu à UE por "não deixar os ucranianos sozinhos" face às pressões norte-americanas.
Até ao momento, não se verificaram encontros de alto nível de António Costa com nenhum responsável da administração norte-americana nem com Donald Trump, sem que tal esteja também previsto.
Houve, apenas, um encontro em meados de fevereiro com o enviado especial do Presidente norte-americano Donald Trump à Ucrânia e à Rússia, Keith Kellogg, na sua passagem pela Europa.
Sobre as desavenças atuais entre a UE e os Estados Unidos, também causadas pelas ameaças de tarifas alfandegárias, António Costa já veio dizer que os dois blocos "são amigos" e que entre amigos "podem surgir problemas", pelo que devem ser encontradas soluções.
Importantes parceiros para a UE são também, segundo o presidente do Conselho Europeu, os países africanos, que têm vindo a ser uma prioridade nos contactos bilaterais (pessoais ou telefónicos) e nos encontros de alto nível.
Na próxima quinta-feira, realiza-se uma cimeira bilateral entre UE e África do Sul, numa altura em que o país assume, desde dezembro passado e até novembro de 2025, a presidência rotativa do G20.
António Costa teve também já contactos com líderes africanos como os presidentes angolano, João Lourenço, e guineense, Umaro Sissoco Embaló, com os quais já se reuniu presencialmente em Bruxelas.
Para o início de abril está marcada a primeira cimeira UE-Ásia Central, que decorre no Uzbequistão.
Até ao momento, António Costa já se deslocou a Estados-membros da UE (como Hungria ou Polónia), a países candidatos (como a Moldova) e a parceiros europeus (como Reino Unido) e, no início deste mês, representou o bloco comunitário na cimeira de emergência da Liga dos Estados Árabes sobre Gaza.
Também já recebeu o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.
Além de ter estipulado a unidade no seio do Conselho Europeu como uma prioridade para o seu mandato de dois anos e meio, tem também tentado assegurá-la com outras instituições da UE, como Comissão Europeia e Parlamento Europeu, realizando reuniões frequentes com as respetivas presidentes, Ursula von der Leyen e Roberta Metsola.
Leia Também: Cooperação entre UE e a NATO é vital para segurança internacional