"Até à tarde de hoje, o número de mortos chegou a 1.018", refere aquela Organização Não Governamental (ONG) num comunicado citado pela agência EFE, no qual indica também que "745 civis foram assassinados a sangue frio em massacres sectários" nas províncias ocidentais da Síria de maioria alauita, o ramo do Islão xiita professado pela família do ex-presidente Bashar al-Assad.
Segundo aquela ONG, com sede no Reino Unido e uma ampla rede de colaboradores locais, "o número de vítimas aumentou rapidamente desde a entrada de grupos armados para apoiar as forças de segurança e as unidades do Ministério da Defesa" das novas autoridades de Damasco.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos registou um total de "29 massacres" nos últimos dias de confrontos entre tropas do novo regime de Damasco e insurgentes leais ao ex-Presidente Bashar al-Assad, que qualificou de "a maior vingança coletiva" por parte das tropas ligadas às novas autoridades do país desde a queda de al-Assad, em 08 de dezembro do ano passado.
Perante esta situação, a ONG apelou à comunidade internacional para que tome "medidas urgentes e envie equipas especializadas de investigação internacional para documentar as graves violações que afetam civis".
Além disso, exortou as autoridades de Damasco a que "responsabilizem" as tropas envolvidas nestas ações, considerando que "a impunidade incentiva a repetição de crimes no futuro, algo que ameaça a estabilidade política e social na Síria após a queda de al-Assad".
O novo Governo sírio não reconheceu explicitamente os acontecimentos, mas comprometeu-se a tomar medidas legais e responsabilizar qualquer pessoa que tenha cometido "excessos" ou "atos de vingança" contra civis durante as operações militares destinadas a reprimir os focos de insurgência dos grupos 'pró-Assad".
Os confrontos eclodiram na quinta-feira, depois de os insurgentes alauitas terem lançado um ataque às forças de segurança na cidade de Jableh, em Latakia, desencadeando a maior onda de violência na Síria desde a queda de Bashar al-Assad.
As novas forças sírias são compostas em grande parte por ex-combatentes da agora extinta aliança islâmica Hayat Tahrir al-Sham (HTS), o grupo que liderou a ofensiva contra Assad e cujas raízes estão na Frente Nusra, uma antiga afiliada da Al-Qaeda na Síria.
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