Ex-presidente filipino detido embarcou num avião para Haia

O ex-presidente filipino, Rodrigo Duterte, detido ao abrigo de um mandado do Tribunal Penal Internacional (TPI) por alegados crimes contra a humanidade, embarcou hoje num avião com destino a Haia, disse o seu advogado.

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© Partido Demokratiko Pilipino via Getty Images

Lusa
11/03/2025 14:47 ‧ ontem por Lusa

Mundo

TPI

Duterte embarcou no Aeroporto Internacional de Manila com três outras pessoas cerca das 21:00 locais (13:00 em Lisboa), disse Martin Delgra aos jornalistas, segundo a agência francesa AFP.

 

"Não nos podemos aproximar do avião. O avião ainda está na pista com a porta aberta", acrescentou na altura.

Desconhece-se se o avião já descolou de Manila com destino a Haia, sede do TPI, nos Países Baixos.

O Supremo Tribunal das Filipinas tinha anunciado horas antes que iria examinar uma petição apresentada pelo advogado de Duterte para suspender a detenção do ex-presidente.

Duterte, 79 anos, foi detido hoje pela polícia filipina ao chegar a Manila proveniente de Hong Kong ao abrigo de um mandato do TPI, que o acusou de crimes contra a humanidade.

Os alegados crimes terão sido cometidos durante a guerra antidroga da administração de Duterte (2016-2022), que vitimaram cerca de 6.000 pessoas, segundo a polícia.

Várias organizações não-governamentais afirmam que o número de vítimas será de 30.000 mortos em operações antidroga e execuções extrajudiciais.

O Gabinete dos Direitos Humanos da ONU concluiu, num relatório publicado em 2020, que havia provas de violações generalizadas e sistemáticas dos direitos humanos, como execuções extrajudiciais e detenções arbitrárias.

Na sequência da detenção de Duterte, famílias das vítimas de execuções extrajudiciais durante a guerra antidroga participaram numa missa de ação de graças em Quezon City, na região metropolitana de Manila.

"Esta é uma missa de ação de graças por uma enorme surpresa, uma surpresa histórica, Duterte foi preso e o seu mandado de prisão foi cumprido", disse o padre Bong Sarabia aos jornalistas, citado pela agência filipina PNA.

"É possível que o caso no Tribunal Penal Internacional prossiga agora. Este é o ano do jubileu, da liberdade e da justiça, especialmente para as famílias que sobreviveram", acrescentou.

Alguns dos familiares disseram que a detenção de Duterte não substitui a dor pelos que foram mortos.

"Pelo menos, [Duterte] só foi preso. Os nossos entes queridos foram mortos no local", disse Amy Jane Lee, cujo marido, Michael, foi morto num tiroteio relacionado com droga em 2017.

[Notícia atualizada às 15h09]

Leia Também: ONU espera que detenção de Duterte acabe com anos de impunidade

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