Na quarta-feira, o Governo francês lamentou a deportação, a 09 de março, deste investigador francês, que tinha viajado para os Estados Unidos da América (EUA) para participar numa conferência sobre o setor espacial em nome do Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS, organismo francês), no Texas.
"Esta medida foi aparentemente tomada pelas autoridades americanas porque o telefone deste investigador continha trocas de mensagens com colegas e amigos em que ele expressava uma opinião pessoal sobre a política de investigação da administração Trump", disse o ministro do Ensino Superior e da Investigação francês, Philippe Baptiste.
"Qualquer afirmação de que a sua deportação se baseou em convicções políticas é totalmente falsa", respondeu um porta-voz do Departamento de Segurança Interna dos EUA num comunicado, contactado pela agência France-Presse (AFP).
Segundo a mesma fonte, "o investigador francês em questão estava na posse de informações confidenciais contidas num dispositivo eletrónico do laboratório nacional de Los Alamos, em violação de um acordo de confidencialidade" e "admitiu ter obtido as informações sem autorização e tentou escondê-las".
O Laboratório Nacional de Los Alamos, situado no Novo México (sudoeste) e fundado pelo pai da bomba atómica, Robert Oppenheimer, dedica-se à investigação de armas nucleares.
Segundo uma fonte diplomática francesa, o cientista foi submetido a um controlo aleatório à chegada, durante o qual o seu computador de trabalho e o seu telefone pessoal foram revistados.
Terá sido acusado de enviar mensagens "que exprimem ódio contra Trump e que podem ser classificadas como terrorismo".
Na sexta-feira, a Academia Francesa de Ciências apelou às instituições científicas internacionais para que "denunciem uma deriva autoritária que é prejudicial à ciência".
Desde o seu regresso à Casa Branca, há dois meses, o Presidente Donald Trump fez uma série de anúncios controversos dirigidos à comunidade científica, incluindo cortes orçamentais brutais e a censura de certos temas na investigação subsidiada.
Além deste caso, ocorreram nas últimas semanas várias deportações de cidadãos com vistos de estudante ou que trabalham em território norte-americano, sendo o exemplo mais mediático o de Mahmoud Khalil, um estudante da Universidade de Columbia que liderou protestos contra a guerra na Faixa de Gaza, que teve a sua autorização de residência permanente nos Estados Unidos revogada e o processo de deportação iniciado.
Leia Também: Macron espera "desfecho rápido" para libertação de escritor franco-argelino