Netanyahu avisa que é o Governo que nomeia o chefe do Shin Bet

O primeiro-ministro israelita advertiu hoje que é ao Governo que compete nomear o chefe dos serviços de segurança interna (Shin Bet), após o Supremo Tribunal ter paralisado a ordem governamental para demitir o atual líder, contestada pela oposição.

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© RONEN ZVULUN/POOL/AFP via Getty Images

Lusa
21/03/2025 17:30 ‧ há 7 horas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"O Estado de Israel é um Estado de Direito e, de acordo com a lei, o Governo israelita decide quem será o diretor do Shin Bet. Feliz sábado", escreveu Benjamin Netanyahu na sua conta na rede social X, algumas horas antes do início do período de descanso semanal judaico, sem mencionar a decisão judicial.

 

Na sua mensagem, Netanyahu afastou o risco de "uma guerra civil", como avisou na quinta-feira o antigo presidente do Supremo Tribunal Aharon Barak.

O Supremo Tribunal decidiu suspender a demissão do chefe do Shin Bet, Ronen Bar, até analisar as petições, apresentadas nomeadamente por quatro partidos da oposição e uma organização, a contestar a decisão do Governo. A suspensão pode ser prorrogada até 08 de abril.

Os partidos argumentaram que a medida representa um "grave conflito de interesses" para Netanyahu, uma vez que Bar estava a liderar as investigações sobre as falhas de segurança durante os ataques de 07 de outubro de 2023 do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e de outros grupos palestinianos ao sul de Israel.

O Shin Bet alertou recentemente para a "responsabilidade" da liderança política do país nos ataques.

Por sua vez, a procuradora-geral, Gali Baharav-Miara, informou hoje Netanyahu, através de uma carta, de que está "proibido" de escolher outro diretor dos serviços secretos internos até que o tribunal conclua as suas investigações.

O aviso da procuradora-geral foi feito pouco depois de o gabinete do primeiro-ministro ter anunciado que o executivo vai apresentar, no domingo, uma moção de censura a Gali Baharav-Miara, acusada de agir como um "braço da oposição".

A apresentação da moção poderá dar início a um longo processo de destituição da procuradora-geral.

"A procuradora não hesita em utilizar qualquer meio para minar a vontade dos eleitores", declarou o Governo num documento redigido pelo ministro da Justiça, Yariv Levin.

O executivo de Netanyahu tem sido regularmente alvo de protestos públicos, tendo enfrentado hoje a quarta manifestação consecutiva realizada em frente à residência do primeiro-ministro, em Jerusalém, contra o retomar dos bombardeamentos na Faixa de Gaza e a demissão de Bar.

Os manifestantes mostraram a sua oposição ao retomar dos ataques ao enclave palestiniano, onde morreram mais de 500 pessoas nos últimos dias, dado que isso representa o fim do acordo de cessar-fogo que incluía a libertação dos reféns ainda sequestrados pelo Hamas.

Segundo sublinharam os ativistas, os 59 reféns ainda presos pelo grupo extremista palestiniano enfrentam novamente um futuro incerto.

Perante tal cenário, os manifestantes exigiram a saída de Netanyahu do poder e realçaram que "a História é escrita pelo povo".

Estes protestos aconteceram em paralelo com outra concentração realizada durante esta manhã em frente à sede do Governo contra a demissão de Ronen Bar que, formalmente, está marcada para 10 de abril.

Numa declaração sobre o assunto, o gabinete de Netanyahu disse que a saída de Bar vai entrar em vigor antes de ser nomeado um novo diretor dos serviços de segurança interna.

O Presidente de Israel, Isaac Herzog, criticou a demissão de Ronen Bar e lamentou certas "iniciativas controversas" que disse estarem a criar profundas divisões na sociedade israelita.

Entretanto, Yoram Cohen, que liderou o Shin Bet entre 2011 e 2016, revelou hoje que o primeiro-ministro israelita lhe pediu para fazer "coisas ilegítimas e legalmente questionáveis" quando desempenhou o cargo

Leia Também: Supremo de Israel suspende demissão do chefe dos serviços de segurança

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