"(Quero) Voltar a realçar que nós permanecemos abertos, prontos e preparados para qualquer diálogo que seja genuíno, portanto, não estamos fechados", disse Venâncio Mondlane, durante uma transmissão em direto na sua página do Facebook, na qual apresentou um documento a que chamou 'Programa Quinquenal 2025-2029'.
Quando passam precisamente cinco meses desde o início, em outubro, das manifestações pós-eleitorais por si incentivadas, Mondlane disse que vai continuar a lutar para "fazer valer os anseios da sociedade" moçambicana, pedindo que se vigie a "ação governativa".
"Não temos espingardas, não temos armas, mas enquanto esquivamos as balas, continuamos por outro lado a fazer a luta democrática pelo povo, é isso que vamos fazer", disse o ex-candidato.
Em 05 de março, o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, e os principais partidos políticos de Moçambique assinaram, em Maputo, um acordo focado em reformas estatais, no âmbito do diálogo político para o fim da crise pós-eleitoral no país.
Diversas figuras moçambicanas têm defendido um diálogo entre Venâncio Mondlane e as autoridades do país para o fim dos protestos em Moçambique.
Durante a transmissão hoje, de pouco mais de uma hora, Venâncio Mondlane sugeriu a suspensão do pagamento de taxas de portagem durante todo o ano em Moçambique, defendendo uma "reforma total" do setor.
"Muitas das portagens que são ilícitas (...) têm de ser encerradas em definitivo. É nossa proposta que durante o ano de 2025 se suspenda a cobrança das portagens enquanto se faz a reforma completa desse setor", referiu Mondlane, numa menção a um dos pontos que compõem o documento por si apresentado.
A retoma da cobrança de portagens este ano, após suspensão em 2024 devido às manifestações, levantou uma nova agitação social, com populares a bloquearem estradas e a incendiarem algumas infraestruturas em protesto.
O Presidente de Moçambique afirmou hoje que "há outras motivações" nas manifestações e agitação social que se regista no país desde as eleições gerais de outubro, embora reconhecendo que a tensão nas ruas está a "baixar".
"A tensão vai baixando e esperamos que baixe cada vez mais", disse o chefe de Estado, em Windhoek, onde participou na cerimónia de investidura de Ndemupelila Netumbo Nandi-Ndaitwah, nova Presidente da Namíbia.
Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas pelo ex-candidato Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro, que deram vitória a Daniel Chapo.
Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.
Desde outubro, pelo menos 361 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, de acordo com a Plataforma Decide, uma organização não-governamental moçambicana que acompanha os processos eleitorais.
O Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.
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