A Venezuela "condena com absoluto desprezo as novas e inúteis sanções impostas pelo governo colonial do Canadá contra funcionários venezuelanos, numa lamentável tentativa de se ser benevolente com os desígnios que emanam da sua metrópole em Washington", declarou o Governo, em comunicado.
A imposição de novas sanções é "um ato de vergonhosa submissão", sublinhou, na mesma nota, divulgada pelo Ministério de Relações Exteriores da Venezuela, o Governo do presidente Nicolás Maduro.
"Decidiram agir como meros executores das agressões concebidas pelos EUA, confirmando o que já era evidente: [que] deixaram de ser um país soberano e tornaram-se o 51.º Estado [dos EUA], sem voz própria e com uma diplomacia ditada pela Casa Branca", acrescentou.
Caracas acusou o Canadá de ser uma "colónia, com pretensões de império", prosseguindo "uma agenda hostil contra a Venezuela".
"A falta de personalidade e dignidade política reduziu [o Canadá] a um mero instrumento de sanções inúteis, destinadas a satisfazer interesses alheios, independentemente do desprezo dos povos soberanos do mundo", sublinhou.
No comunicado, o Governo venezuelano salientou que "a Venezuela não reconhece e nunca reconhecerá estas medidas absurdas e reserva-se o direito de aplicar ações recíprocas contra os funcionários submissos que tomaram estas medidas".
"A Venezuela continua firme, soberana e determinada a resistir a qualquer agressão com a dignidade que caracteriza os povos bolivarianos", concluiu.
A ministra dos Negócios Estrangeiros e do Desenvolvimento Internacional canadiana, Mélanie Joly, anunciou que Otava decidiu impor novas sanções contra funcionários venezuelanos.
"Estas sanções visam oito funcionários [policiais e militares] atuais do governo venezuelano que se envolveram em atividades que, direta ou indiretamente, apoiaram violações dos direitos humanos na Venezuela e/ou atividades que minam a democracia da Venezuela", explicou o Governo do Canadá, num comunicado divulgado na página da Internet.
As sanções visam, entre outros, Douglas Rico, atual diretor do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminais (CICPC, antiga Polícia Técnica Judiciária), Carlos Enrique Terán Hurtado diretor dos serviços de informações do Exército venezuelano, e Carlos Alberto Calderón Chirinos, subdiretor de Ações Estratégicas e Táticas da Polícia Nacional Bolivariana.
Mélanie Joy afirmou que as novas sanções "refletem o compromisso de longa data do Canadá de defender a democracia e o Estado de direito" e "são também uma mensagem clara para o regime de Nicolás Maduro de que o Canadá não vai tolerar quaisquer atividades que violem os direitos humanos".
"É necessária uma solução pacífica, negociada e liderada pela Venezuela para resolver esta crise. Apelamos a todas as partes para que iniciem negociações para garantir que a vontade democrática do povo da Venezuela seja respeitada e que seja estabelecido um processo de transição pacífico", lê-se no comunicado do MNE do Canadá.
Com o anúncio de hoje, o Canadá já impôs sanções contra 139 venezuelanos, desde 2017.
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